Correio da Bahia

Cinzas de Fidel são depositada­s em ‘berço da revolução’ cubana

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SANTIAGO Após nove dias de homenagens e despedidas, as cinzas do ex-presidente de Cuba Fidel Castro foram depositada­s ontem de manhã no cemitério de Santa Ifigênia, em Santiago, cidade considerad­a o “berço da revolução cubana”. Em cerimônia de acesso restrito, a urna com as cinzas do líder do movimento que derrubou o governo do ditador Fulgêncio Batista em 1959 foi colocada ao lado do mausoléu do herói nacional do país, Jose Martí (1853-1895), pelo irmão de Fidel, Raúl Castro, presidente de Cuba. Em formato de pedra e com cerca de 2 metros de altura, o túmulo de Fidel foi aberto à visitação pública no início da tarde de ontem, quando uma pequena multidão se aglomerou diante do cemitério logo após a cerimônia. Antes, a caravana militar carregando suas cinzas em um caixão de cedro drapeado deixou a Praça da Revolução na cidade oriental de Santiago às 6h39, no horário local, retornando vazio duas horas depois. Milhares de pessoas acompanhar­am o percurso até o cemitério de Santa Ifigênia, acenando bandeiras cubanas e gritando “Viva Fidel!”. O trajeto das cinzas pela ilha incluiu os municípios de Matanzas, Cienfuegos e Sancti Spiritus, que foram visitados por Fidel e seu exército rebelde em janeiro de 1959, enquanto eles rumavam para Havana na famosa “Caravana da Liberdade”, percurso feito pelo ex-presidente depois de ter vencido a guerra contra Batista. O cortejo com a urna de Fidel refaz, após 57 anos, os passos dessa caravana. A cerimônia, que durou cerca de 90 minutos, seria exibida ao vivo pela televisão nacional, mas a transmissã­o foi cancelada minutos antes. Fidel, que deixou o cargo em 2006 depois de adoecer, morreu no dia 25 de novembro, aos 90 anos. A cerimônia teve delegações de vários países e presença de atuais e ex-chefes de Estado, incluindo os ex-presidente­s Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Raúl Castro havia anunciado no sábado que Cuba proibirá que espaços públicos ou monumentos sejam batizados com o nome de Fidel, por desejo expresso do próprio ex-presidente. “O líder da Revolução rejeitava qualquer tipo de culto à personalid­ade e foi consequent­e com essa atitude até as últimas horas de vida”, disse Raúl, em discurso durante o último ato de homenagem a Fidel.

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