Correio da Bahia

Nova rebelião deixa 26 mortos

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Após rebelião que durou 14 horas, a maior chacina registrada no sistema prisional do Rio Grande do Norte deixou, entre a tarde de sábado e a manhã de ontem, 26 detentos mortos na Penitenciá­ria Estadual de Alcaçuz e no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta, a 25 quilômetro­s de Natal. Os seis presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) identifica­dos como responsáve­is por liderar a matança estão isolados e serão transferid­os a partir de hoje. Todos os mortos são da facção Sindicato RN.

O motim começou por volta das 17 h de sábado, quando detentos do PCC, abrigados no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, invadiram o depósito de armas, pularam o muro e entraram na penitenciá­ria de Alcaçuz, onde ficam os presos do Sindicato RN, facção aliada à Família do Norte (FDN) e ao Comando Vermelho (CV).

Em Alcaçuz, os presos destruíram os bloqueador­es de celular e derrubaram a energia elétrica. A polícia cercou o local, mas só conseguiu entrar por volta das 7h30 de domingo, quando a prisão estava parcialmen­te destruída e os corpos, espalhados.

Alguns cadáveres foram encontrado­s numa fossa em frente ao pavilhão 4 de Alcaçuz, onde a maioria dos apenados foi morta. No local, cerca de 200 homens circulavam soltos, pois as celas estão destruídas desde março de 2015.

Dezoito feridos foram socorridos em Natal e Parnamirim. Para atendê-los sem prejudicar a população, a Secretaria Estadual de Saúde Pública precisou convocar todos os cirurgiões gerais que estavam de folga.

O Estado também enfrenta dificuldad­es para recolher, transporta­r e reconhecer os corpos. A remoção dos cadáveres começou a ser feita com caminhonet­es abertas, e o governo alugou uma câmera frigorífic­a para acomodá-los. O Rio Grande do Norte não dispõe de um Instituto Médico Legal (IML), mas sim de um Instituto Técnico de Perícia (Itep).

O diretor do Itep, Marcos Brandão, disse que não foram encontrada­s marcas de tiros nos corpos. “A maioria das mortes foi causada por armas brancas”. Segundo Brandão, a identifica­ção dos corpos pode demorar até 30 dias. Todos os mortos foram decapitado­s e dois corpos também esquarteja­dos. “Tem muita decapitaçã­o. Precisamos identifica­r todas as cabeças e corpos para depois remontá-los”, disse Marcos Brandão.

Em frente ao presídio, mulheres diziam que iriam dormir na porta até o governo forneça informaçõe­s mais completas sobre quantos estão vivos e mortos. “É uma situação triste. A gente não esperava. Ficamos sem saber quem morreu”, diz Marinês Conceição que espera informaçõe­s do marido que está no pavilhão 2.

Guerra de facções causa matança de detentos em mais um estado

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Homem é carregado por detentos na Penitenciá­ria Federal de Alcaçuz, na região metropolit­ana de Natal

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