Delação de empreiteira deve ser divulgada no início de fevereiro
LAVA JATO Investigadores da operação preveem que todo o conteúdo das delações da Odebrecht seja tornado público na primeira quinzena de fevereiro. A expectativa deles é de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, retire o sigilo dos cerca de 900 depoimentos tão logo as delações sejam homologadas. Isso deve ocorrer no próximo mês, após o fim do recesso do Judiciário. A divulgação dos relatos de 77 delatores ligados à empresa causa apreensão no mundo político, que deve ser diretamente atingido pelas investigações. Como relator da Lava Jato no Supremo, cabe a Teori validar as delações. Para isso, uma equipe de auxiliares do ministro analisa todo o material durante o recesso. As delações são resultado de uma longa negociação que se estendeu durante quase todo o ano passado.
Nos depoimentos, que serão divulgados em formato de áudio e vídeo, os delatores relatam propina a políticos e operadores no Brasil e fora do país em troca de contratos de obras públicas, além do uso de contas e empresas no exterior para viabilizar pagamentos ilícitos. De acordo com pessoas com acesso aos depoimentos, aliados próximos ao presidente da República, Michel Temer, serão diretamente atingidos nas delações, o que deve trazer turbulência política para o governo. Antes mesmo de a delação ser homologada, Temer já sofreu baixas na equipe. Em dezembro, quando o teor do depoimento do ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho foi conhecido, o assessor especial da Presidência José Yunes, amigo de Temer há 50 anos, deixou o governo.
Ele foi acusado de receber dinheiro em seu escritório, em 2014. Yunes nega a informação. Após a homologação dos acordos e divulgação do conteúdo, a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa da Lava Jato podem realizar operações e solicitar diligências.