Som de outros
Do alto, o Cacique regeu a tribo. Preparar, apontar. Corre! Direita. Esquerda. Um empurrão aqui, outro ali. Aperta aqui na frente. Era o Camarote Andante de Carlinhos Brown, que aparecia no Circuito Dodô (Barra-Ondina) pela primeira vez neste Carnaval.
Ontem, por volta das 21h10, Brown deu o comando - de uma forma diferente: há anos ele não fazia o percurso de cima do trio. “Hoje (ontem), eu subo no camarote e faço todo o circuito em cima, porque o Carnaval democrático é uma realidade. Eu, que tenho um bloco, sempre lutei para que houvesse blocos com cordas e sem cordas. Que bom que virou moda, mas tomei muita porta na cara antes disso, perdi muito patrocínio”, contou Brown ao CORREIO.
O trio já estava pronto, mas o desfile dos blocos anteriores atrasou o começo do Camarote Andante, que estava marcado para 21h20, em 40 minutos. Mesmo assim, Brown - todo vestido de preto, num look do estilista Ismael Soudam - já preparava a multidão. Começou cantando O Sino da Igrejinha e alertando o povo: quem não tem resistência diga logo. MUKINDALA ESTREANTE
Com Paula Sanffer e Rafa Chagas, da Mukindala, Brown revisitou seu repertório e comemorou 38 anos de Carnaval de Salvador “sem sair da Bahia”. “As pessoas vão sentir o ritmo vindo do percussionista do axé e não do intérprete. (Vão) ver como essa amálgama se construiu e você vê esse resultado nas pessoas”, disse.
Além de músicas autorais, como Maria Caipirinha, cantou sucessos de Tim Maia e Margareth Menezes. Na frente do camarote Expresso 2222, seu trio exibia fotos dos cantores da Tropicália e a Gilberto Gil, quando cantou Os Mais Doces Bárbaros, de Caetano.
A cabeleira Áurea Lopes, 55 anos, foi uma das que seguiram com o camarote de Brown. Foi sozinha curtir Brown. “Eu não desanimo com ele. Ele é o único que me tira de casa e me tira do chão”, derreteu-se. Felizes com a estreia da Mukindala, os cantores Paula e Rafa prometiam “merengue e alegria”.
Com Mukindala, Brown leva seu Camarote Andante à Barra