Correio da Bahia

‘De repente, uma explosão. A casa treme. Entrei em pânico’

- COLABOROU JULIANA MONTANHA NILMA GONÇALVES É JORNALISTA E MORA EM IRECÊ

Gutemberg dos Anjos estava na casa da namorada, que fica a 300 metros da agência, quando tudo aconteceu. “É difícil até explicar. Ouvimos uma primeira explosão muito grande e depois foram muitos tiros. Fomos até um dos quartos da casa que não tem janelas e ficamos lá deitados até os tiros cessarem. Não fui nem perto da janela”, contou. Segundo ele, os bandidos fecharam todas as vias de acesso ao banco.

A uma distância de 3 km da agência, o barulho dos tiros acordou o comerciant­e Sérgio Carvalho. “Acordei por volta da meia-noite por conta dos disparos. Teve tiro na cidade toda. Eles [os bandidos] estavam espalhados em vários pontos da cidade, atirando”, disse o comerciant­e.

Em entrevista à rádio Líder FM, o delegado Roberto Leal, coordenado­r da Polícia Civil na região de Irecê, disse que inicialmen­te os trabalhos da perícia são para avaliar os danos causados tanto na agência quanto nos imóveis do entorno. “Vamos analisar as imagens de câmeras nas imediações do banco e nos demais lugares onde houve confronto. Contamos com o apoio da população para que reporte sobre veículos abandonado­s ou pessoas estranhas na região”, disse o delegado. Era para ser apenas uma noite (chata) de domingo, como tantas outras. Após uma maratona de ‘Girls’ e de ‘Crashing’, aproveito o embalo para assistir ‘Hemingway e Gellhorn’. De repente, uma explosão parece realista demais. A casa treme. Retiro os fones do ouvido só para ter certeza que é apenas viagem da minha cabeça. Ouço minha mãe gritar: ‘Você ouviu, minha filha?’ E me certifico que, infelizmen­te, é real.

‘Ouvi, mãe!’ Na sequência, ouvimos um tiro. Dois. Três. Peço - na verdade, grito - que minha mãe se deite no chão. Ainda sem entender muito bem o que está acontecend­o, ligo para a polícia, mas o telefone só dá ocupado. Meu marido aparece na sala também meio atordoado e puxamos meu pai (que tem dificuldad­e para se locomover) para o chão.

Outra bomba e uma sequência de tiros que parecem de metralhado­ra e parecem ser no passeio de casa. Entro em pânico, ligo para a empresa de segurança, que avisa: ‘Fique calma, senhora. Parece que estão assaltando o Banco do Brasil, mas a polícia já está a caminho’. Outra sequência de tiros. Me desespero, deitada no chão: ‘Moço, acho que estão entrando aqui em casa’. ‘Calma. Fique calma. Vou ficar na linha com a senhora!’.

A essa altura, não raciocino mais e o desespero toma conta, mesmo com o marido tentando me tranquiliz­ar. Mais tiros e mais bombas, tudo tão perto. Medo de bala perdida, medo de invadirem minha casa. Medo de perder um dos meus, algum vizinho, algum amigo... Seguro na mão da minha mãe, que me incentiva a rezar.

Rezamos as duas (só havia rezado assim no dia em que meu pai infartou pela segunda vez). Pego na mão do meu pai e do meu marido. Ficamos no chão por quase uma hora. Agora estamos bem, conversand­o com amigos e familiares, que, mesmo morando longe do centro, ouviram tudo e se desesperar­am. Vivenciar algo assim é muito triste. Por hoje, sobrevivem­os.

A pesquisa Total Retail, realizada pela consultori­a PwC para medir hábitos de consumos, aponta que, durante a crise, os brasileiro­s ampliaram a pesquisa de preços antes de efetuarem a compra: 63% dos entrevista­dos disseram ter realizado mais pesquisas de preço em diferentes varejistas para encontrar o menor. Outras medidas adotadas pelos brasileiro­s para enfrentar a crise foram: redução de frequência de entretenim­ento (restaurant­e, bares, entre outros), adotada por 49% dos entrevista­dos; visitas mais frequentes a lojas em busca de ofertas (46%); e restrição de compras a artigos de primeira necessidad­e (43%).

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