Entidades criticam operação; PF rebate acusações
Em entrevista coletiva, realizada na manhã de ontem, a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) criticaram a forma como foi feita a divulgação das investigações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF).
O diretor técnico da ABPA, Rui Vargas, disse que houve um grande equívoco técnico quando se fez uma massificação da informação tentando repassar uma imagem negativa da carne brasileira para os consumidores e importadores. “Todas as coisas que foram ditas são equivocadas tecnicamente”. Vargas disse que a operação deveria ter envolvido apenas a postura dos funcionários do ministério e das empresas citadas, e não a qualidade dos produtos.
O presidente da ABPA, Francisco Turra, elogiou a operação, mas criticou a forma de divulgação das informações. Para ele, a notícia provocou desinformação generalizada, propiciando o surgimento de notícias sobre carne podre, contaminada e envenenada. “A operação é perfeita porque temos que perseguir a perfeição, mas a comunicação ensejou uma imagem de que tudo é ruim”.
Turra ressaltou que agora a entidade tem como foco um trabalho de reconstrução da verdade, de separar “o joio do trigo”. “O Brasil é exportador. Então, nosso trabalho é deixar claro quem cometeu [erros] e onde. Se houve servidor público envolvido, o ministério tem que puni-lo, e as empresas também vão banir quem cometeu qualquer equívoco. Está muito claro que 99,9% dos produtores são corretos e inspecionados”, afirmou.
Membros da equipe de investigação da PF rebateram as críticas e avaliam os ataques desferidos pelo governo e por entidades de classe ligadas ao agronegócio como uma forma de tentar desviar o foco do esquema de corrupção descoberto pela investigação.
No entendimento de integrantes da investigação, o “barulho” feito após as revelações sobre problemas nos frigoríficos e as afirmações de que a atuação da Polícia Federal deve impactar na economia servem apenas para evitar o debate sobre a corrupção.“Temos muita coisa ainda sob sigilo. A operação é grande e ainda vai crescer bem mais”, comenta um investigador.