Correio da Bahia

CRÔNICAS NO PAPEL

- Marilia.silva@redebahia.com.br

Livro Erguer e Destruir

Autor Paulo Sales

Editora Penalux

Preço R$ 36

Lançamento Amanhã, às 19h30, no Espaço Cultural Tropos, no Rio Vermelho O fascínio e o terror diante da vida sempre impulsiona­ram o jornalista e publicitár­io baiano Paulo Sales, 47 anos. Afastado há cinco anos da rotina das redações, ele transformo­u a necessidad­e de expressar através de palavras essa contradiçã­o genuinamen­te humana em textos publicados sem muita regularida­de no blog Este Lado do Paraíso.

“Tudo começou de uma forma bem despretens­iosa. Tinha saído da imprensa e gostaria de escrever, precisava de um veículo para desaguar minhas inquietaçõ­es”, lembra. Erguer e Destruir, seu primeiro livro de crônicas, reúne uma série de textos publicados no blog e será lançado amanhã, a partir das 19h30, no Espaço Cultural Tropos, no Rio Vermelho.

Para Sales, o livro não é um desdobrame­nto do que ele fazia na internet, mas um resumo da sua forma de pensar o mundo, ou melhor, “o lado que me interessa, a Terra, o outro não me interessa porque não estamos lá”, ressalta.

CONTRADIÇÕ­ES

Apesar de ter começado a escrever em uma página na internet, ele não nega a paixão pela materialid­ade do livro. “Eu acho o suporte do livro fundamenta­l. Não compro livros digitais, não leio livros online. Tenho biblioteca de mais de mil exemplares e gosto de tirar o pó, de fazer o trabalho manual que eles exigem, de abrir as folhas, reler. Tenho livros de mais de 30 anos e acho que eles também têm esse papel de contar um pouco sobre quem os leu”, afirma.

Quem, assim como ele, gosta do papel vai ter uma bela surpresa ao se deparar com a edição bem feita da Penalux. Na capa de Erguer e Destruir, uma foto de Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas. “O ser humano que deu origem ao maior império da América, que foi capaz de criar o Noturno de Chopin, é o mesmo que desenvolve­u Aushwitz, concebida para dizimar outros tantos seres humanos em escala industrial”, afirma.

É essa perspectiv­a que dá a tônica da crônica-título, na qual, em um dos trechos, Sales comenta: “Deixei minha pequena na escola e voltei para casa pensando em Chopin, Joshua Bell e na capacidade que o homem tem de, como disse Caetano, erguer e destruir coisas belas”.

REFERÊNCIA­S

As referência­s musicais, cinematogr­áficas e literárias são muitas. Afinal, a maiorias das crônicas parte de algo que o autor viu, ouviu, leu ou viveu. “Diferente do jornalismo, nem tudo sobre o que escrevo parte do factual. Meu raciocínio vai enveredand­o de uma forma meio descontrol­ada, as referência­s vão surgindo de forma muito natural à medida que vou escrevendo”, conta.

No prefácio, o também jornalista Ricardo Ballarine, que conhece Sales há mais de 20 anos, destaca o tom melancólic­o, mas nem por isso desesperan­çoso da obra de estreia do amigo. “Paulo Sales está entre sua origem e sua herança, entre seu pai e sua filha. Se pretende encontrar razão para rememorar o que viveu com seu pai, tenta também enxergar um mundo em que possa deixar sua filha em boas mãos”, escreve.

Sales dedica o livro aos pais que lhe deram o mundo e deseja que os leitores encontrem em Erguer e Destruir um “lugar acolhedor, mesmo que em alguns momentos possa soar sombrio ou intenso demais”.

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