Correio da Bahia

PORTAS FECHADAS

- Juliana Montanha com agências juliana.montanha@redebahia.com.br

Mais portas se fecharam para a carne brasileira no mercado internacio­nal. Em mais um capítulo de repercussã­o da Operação Carne Fraca, Japão, Hong Kong, México e Suíça suspendera­m ontem as compras de produtos originário­s dos 21 frigorífic­os colocados sob suspeita pela Polícia Federal. A Jamaica foi ainda mais longe: além de suspender as compras, apelou para que a população simplesmen­te não coma carne brasileira e ordenou que supermerca­dos retirem de suas prateleira­s os produtos no setor bovino.

Os países aumentam a lista de território­s que já haviam anunciado restrições à entrada de carnes brasileira­s na véspera. Mesmo informando que não irá suspender a importação, a Argentina avisou que vai aumentar ainda mais o controle de carnes brasileira­s.

Já o vizinho Uruguai manifestou apoio ao Brasil e considerou suficiente­s as medidas adotadas pelo governo para garantir a sanidade dos produtos. Voltando atrás em sua decisão, a Coreia do Sul desistiu de bloquear as compras de produtos da BRF, e a China deu indicações de que poderá suspender, em breve, a medida que atualmente proíbe o desembaraç­o (saída do porto) da carne brasileira exportada para lá. Essas idas e vindas deverão continuar por algum tempo, disse o secretário de Defesa Agropecuár­ia do Ministério da Agricultur­a, Luís Eduardo Rangel. Ele considera natural que os 33 países que receberam produtos dos estabeleci­mentos investigad­os na Carne Fraca queiram explicaçõe­s adicionais e já tem pronta uma resposta-padrão, que é adaptada para cada mercado. Muitas vezes, os governos adotam restrições até para dar uma resposta a seus consumidor­es. “Se formos convincent­es e rápidos, não teremos um bloqueio”, disse o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi. “Não podemos entrar numa lista negra”.

Ele informou ter recebido “de alguém” uma estimativa segundo a qual uma redução das exportaçõe­s de carne por causa da operação poderá trazer prejuízo estimado em US$ 5 bilhões nos próximos cinco anos.

Outros seis países barram a carne brasileira; Coreia do Sul volta atrás

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Os estragos já estão sendo sentidos por empresas que nem estão sob investigaç­ão da PF. O Jornal Nacional mostrou ontem o exemplo de uma cooperativ­a de Matelândia, no interior do Paraná, cuja produção de frango é 50% destinada ao mercado internacio­nal. Após as denúncias, a cooperativ­a está com 38 contêinere­s parados no porto de Paranaguá (PR). Outros 119 estão no mar e 25 parados na China sem poder entrar. Ao todo, são quase cinco mil toneladas de frango, que equivalem a mais de US$ 10 milhões, esperando que a porta seja reaberta.

Ontem, Maggi visitou a unidade da Seara, do grupo JBS, em Lapa, a 70 km de Curitiba. A planta é o único estabeleci­mento alvo da operação que exporta para a China. No ano passado, foram embarcadas 60 mil toneladas. A Carne Fraca revelou que os três fiscais que atuavam na unidade assinavam documentos sem fazer vistoria.

O problema é particular­mente grave porque os agentes autorizara­m exportaçõe­s sem fiscalizar. E os chineses só aceitam o produto brasileiro porque o governo dá garantia de conformida­de. Na teleconfer­ência de anteontem à noite, os chineses pediram justamente uma garantia por escrito de que o produto processado naquela planta tem qualidade. Com o envio dessa documentaç­ão, os técnicos acreditam que as importaçõe­s serão retomadas.

A lista com o nome dos 21 frigorífic­os investigad­os pela PF, localizaçã­o das unidades e motivo da fiscalizaç­ão foi divulgada ontem pelo Ministério da Agricultur­a e está no www.correio24h­oras.com.br.

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O ministro Blairo Maggi visitou a unidade da Seara no Paraná, única investigad­a que exporta para a China

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