Correio da Bahia

JBS suspende produção de carne em 33 das 36 unidades do país

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CARNE FRACA A JBS anunciou ontem, por meio de nota, que suspendeu, por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa mantém no país. A fábrica do grupo que fica em Lapa, no Paraná, é uma das investigad­as na operação Carne Fraca. O grupo tem dito que “não compactua com desvios de conduta de seus funcionári­os e tomará todas as medidas cabíveis”. A suspensão temporária da produção afeta unidades do grupo em vários estados. Apenas as fábricas de Anastácio (MS), Diamantino (MT) e Itapetinga (BA) mantiveram a produção. Para a próxima semana, a companhia informou que irá operar em todas as suas unidades com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva.

“Essas medidas visam ajustar a produção até que se tenha uma definição referente aos embargos impostos pelos países importador­es da carne brasileira. A JBS ressalta que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaborado­res em todo o Brasil”, destacou. Anteontem, a suspensão já havia sido comunicada para as unidades da JBS em Mato Grosso. A decisão não preocupa os pecuarista­s da região no curto prazo. Com pastagens em bom estado graças às chuvas, eles têm condições de manter os animais nas propriedad­es, destacaram especialis­tas.

“Foi uma medida preventiva para minimizar as perdas”, opina o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Francisco Turra. Segundo ele, com a restrição a exportaçõe­s, a empresa precisa evitar um excesso de oferta de carne que poderá levar para uma redução de preços. Turra explica que a carne brasileira que deveria seguir para a exportação está armazenada nos portos e nos armazéns da empresa. Se a restrição perdurar, ela deve ser redirecion­ada para o mercado interno. Com a suspensão dos abates, a JBS contém a oferta no mercado brasileiro.

O custo de manter o gado por mais dias no pasto ou no confinamen­to é menor do que vender a carne a um preço baixo, segundo o especialis­ta em agronegóci­os. A JBS Mercosul, unidade do grupo que produz carne bovina das marcas Friboi e Swift, teve cerca de 40% do faturament­o vindo das exportaçõe­s em 2016, o que representa R$ 11,5 bilhões. Segundo o Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto, em Mato Grosso do Sul, a média de abates de fevereiro foi de 249.276 bovinos. Desse total, as sete unidades da JBS foram responsáve­is por abater 119.211 animais, quase metade da produção do estado.

A JBS informou que os abates de aves e suínos não serão atingidos pela decisão. A explicação, segundo Turra, é que, ao contrário dos bovinos, a empresa não pode tomar decisão similar para o abate de aves. Ele explica que o frango leva 30 dias ou 42 dias para estar pronto para o abate, dependendo da espécie. A Seara, que é uma das seis unidades de produção da JBS, atua na produção de carne de frango, suína e alimentos preparados, com marcas como Seara, Rezende, Confiança e Doriana. Em 2016, cerca de 50% do faturament­o da Seara veio das exportaçõe­s.

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