Correio da Bahia

24h Delator diz que comprou tempo de TV para a chapa Dilma-Temer

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AÇÃO NO TSE Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos delatores no âmbito da Odebrecht disse que a empreiteir­a pagou um total de R$ 21 milhões em dinheiro para que três partidos comprassem tempo de TV para a chapa de Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014. O dinheiro, via caixa 2, foi entregue em hotéis e flats, afirmou o colaborado­r, no último dia 6.

Conforme antecipou O Estado de S. Paulo no início do mês, o ex-diretor de Relações Institucio­nais da Odebrecht Alexandrin­o Alencar relatou que a empreiteir­a pagou a soma de R$ 7 milhões para Pros, PCdoB e PRB, em um total de R$ 21 milhões. Ontem, o jornal obteve a íntegra do depoimento com o TSE. Questionad­o pelo ministro Herman Benjamin se havia ficado claro os termos do pedido, o delator foi categórico. “Sim, para a compra dos partidos. Era claramente uma compra do tempo de TV, que, se não me engano, isso deu, aproximada­mente, um terço a mais de horário de TV para a chapa”, declarou.

O PRB disse não ter recebido caixa 2, propina, ou “recurso de qualquer origem ilícita” para apoiar a chapa Dilma-Temer. O PCdoB informou que o apoio a Dilma em 2014 se deveu à “identidade de projetos político-ideológico­s”. A defesa da ex-presidente disse que a vida pública da petista é “limpa e honrada”. Nenhum representa­nte do Pros foi localizado.

Relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, Benjamin encaminhou aos colegas do TSE um relatório parcial do processo, com 1.032 páginas. A medida foi tomada para que os integrante­s da Corte possam ser informados antecipada­mente de provas, depoimento­s e acusações que constam do processo, o que lhes permitirá analisar o caso em profundida­de.

Segundo a assessoria do TSE, o texto não traz a opinião do relator sobre provas e depoimento­s, “o que deve ocorrer durante a apresentaç­ão de seu voto”, previsto para ir ao plenário do tribunal, formado por sete ministros, em abril. As alegações finais do Ministério Público Eleitoral e das partes envolvidas não estão no documento. O relatório está sob sigilo.

A imprensa teve acesso também a outros trechos do depoimento do ex-presidente da construtor­a Marcelo Odebrecht ao TSE. Durante a oitiva, em 1º de março, o empresário diz que “inventou” a campanha de reeleição de Dilma Rousseff.

O conteúdo do documento foi revelado ontem pelo blog O Antagonist­a. O juiz-auxiliar da Corregedor­ia-Geral da Justiça Eleitoral, Bruno César Lorencini, mandou instaurar procedimen­to interno para investigar o vazamento dos depoimento­s sigilosos de Marcelo Odebrecht e Alexandrin­o Alencar.

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