Joanna Maranhão é o exemplo a seguir
O gosto pelo poder nas confederações brasileiras (e federações estaduais também) é um caso para estudo científico. Para se manter à frente das entidades, os cartolas fazem todo tipo de maracutaia, transformando eleições num teatro ridículo, como se as cartas já não estivessem marcadas nos bastidores. No entanto, ainda bem que alguns atletas e pessoas ligadas ao esporte têm acordado. Um caso destes é Joanna Maranhão que não engoliu a formação ilegal para a representatividade dos atletas na eleição da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e procurou a Justiça para impugnar a provável reeleição de Coaracy Nunes, presidente desde 1988 (!) da entidade.
O representante de Coaracy com atletas, e que votaria nele na Assembleia do último dia 18 (que já havia sido adiada), seria Thiago Pereira. Aparentemente, o medalhista olímpico de prata em Londres-2012 está pouco se lixando para o que acontece com os esportes aquáticos no país.
Afinal, apesar da nossa enorme capacidade humana, não conseguimos resultados expressivos há algum tempo. No Rio-2016, a única medalha foi na maratona aquática. A natação, alvo de um incentivo monetário estrondoso, levou 33 atletas e saiu sem nada. Chegou a poucas finais. Para a CBDA, a culpa era da “entressafra” de atletas.
Vamos refrescar um pouco a memória dos cartolas da entidade, que no final do ano passado chegaram a ser afastados pela Justiça Federal, após um pedido do Ministério Público Federal paulista, por improbidade administrativa (a ação de Joanna e outros atletas é por conta das eleições, lembre).
Entre 2012 e 2014, a CBDA recebeu R$ 59 milhões em patrocínio. Em 2015, foram R$ 44 milhões. No ano passado, olímpico, mais R$ 38 milhões (números da Folha de S. Paulo). Numa conta simples, a entidade recebeu por volta de R$ 140 milhões no ciclo olímpico, apenas em patrocínios (não estamos contando incentivos do Ministério do Esporte ou do COB). E a culpa da ausência de resultados é da “entressafra”. Com esse dinheiro, uma administração séria faria um beagle ser campeão olímpico.
Ademais, vale ressaltar que esse valor é para todos os esportes aquáticos e não impediu que, no começo do ano passado, a Seleção Brasileira Feminina de Polo Aquático fizesse uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para uma viagem de treinos à Europa. Isso, num ano olímpico, ressaltaremos sempre. Neste ano, com vacas magras por conta da crise nacional – e claro, pela falta de resultados do investimento –, os patrocinadores devem depositar “apenas” R$ 10 milhões nos cofres da CBDA, que chegou a ser criticada, ora vejam, pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que não é lá um bom exemplo de administração e nem ele mesmo aguentou a incompetência de Coaracy Nunes e companhia.
Que outros atletas – sobretudo, os de esportes individuais possam questionar suas confederações cada vez mais, como Joanna e companhia fizeram. Os escândalos em entidades de tênis, taekwondô, ciclismo e judô estão aí explodindo a todo momento. É mais que hora de quem, efetivamente, carrega o nome do esporte entrar em ação fora de seu habitat comum lutar por melhores condições de trabalho e um futuro melhor para sua categoria.
FÓRMULA 1
O Mundial de Fórmula 1 já “começou” com os treinos dessa madrugada e a expectativa parece um pouco melhor do que no ano passado, em que uma derrota da Mercedes em uma prova sequer já poderia ser considerada zebra grande. As novas regras, principalmente na questão da embreagem na largada e no tamanho dos carros e pneus, devem dar maior competitividade na categoria. Fora que a nova administração da F-1, sem Bernie Ecclestone, poderá dar novos rumos a ela. O que, claro, é saudável. Ainda assim, a Mercedes só deve ter mesmo a Ferrari como rival. No entanto, a briga pelo terceiro lugar promete e muito. Vamos ver.