Correio da Bahia

Meirelles rebate críticas sobre cobrança de dívidas

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, ontem, que circulam informaçõe­s inverídica­s sobre a reforma, como a de que, caso fosse feita a cobrança dos grandes devedores, seria possível pagar o déficit da Previdênci­a. Segundo ele, mais de 50% da chamada dívida ativa com a previdênci­a pública é de companhias falidas e as demais dívidas são cobradas seguindo os ritos judiciais.

Para Meirelles, a reforma da Previdênci­a é a mais importante das mudanças pretendida­s e terá efeito “em décadas”. O ministro destacou ainda que a discussão sobre a proposta está “mal focada”, pois não se trata de opor os defensores da reforma e aqueles que querem preservar direitos. “Não é isso. A questão é que a trajetória dos gastos da Previdênci­a é insustentá­vel”, afirmou.

Meirelles destacou que, de 1991 a 2016, as despesas primárias saltaram de 10,8% a 19,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Houve cresciment­o sistemátic­o de despesas primárias, com aceleração muito forte, sim, nos últimos períodos do governo anterior. A trajetória do gasto do governo é insustentá­vel”, afirmou o ministro.

Desse cresciment­o, destacou Meirelles, cerca de 70% foi impulsiona­do pelas despesas com Previdênci­a e assistênci­a social. Entre 1991 e 2015, o avanço das despesas primárias foi de 8,7 pontos percentuai­s do PIB - desse valor, 5,6 pontos percentuai­s vieram de gastos previdenci­ários.

Após apresentar esses dados no seminário sobre a reforma, organizado pelo jornal Valor Econômico, Meirelles voltou a destacar que a reforma é fundamenta­l. “A reforma não é uma questão de preferênci­a ou de opinião, é uma questão de necessidad­e matemática, financeira, fiscal. Se o país não fizer uma reforma no devido tempo, em primeiro lugar as taxas de juros brasileira­s, em vez de cair, vão voltar a subir fortemente, vão faltar recursos para o financiame­nto do consumo, do investimen­to, o desemprego voltará a crescer e, ao mesmo tempo, teremos a inflação de volta”, disse.

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