Resiliência urbana: o desafio urbano do século XXI
Hoje, mais do que nunca, as cidades enfrentam grandes desafios e tensões constantes, o que implica um risco para seus habitantes. Estima-se que, até 2050, mais de 70% da população mundial viverá em cidades e, por isso, é essencial que elas estejam preparadas para enfrentar os grandes desafios do século XXI com o objetivo de buscar o bem-estar de seus habitantes.
Há, ainda, a estimativa de que mais de 60% das áreas metropolitanas que existirão em 2050 ainda não foram criadas, de modo que, quando isso acontecer, mais de 3 bilhões de pessoas serão adicionadas a esses novos centros urbanos.
Pressões globais como essas afetam indivíduos e as cidades onde vivem. Diante dessas circunstâncias é essencial que líderes locais tomem medidas em vez de deixá-las para os processos políticos nacionais ou internacionais. Por isso, é necessário que gestores locais realizem ações concretas e inovadoras para enfrentar desafios, o que se traduz em benefícios tangíveis para seus cidadãos.
Cada vez mais, prefeitos, gestores públicos e líderes locais procuram uma abordagem completa para a administração dos centros urbanos em busca de bem-estar para os seus habitantes. Essa abordagem abrangente considera a construção da resiliência urbana, que é entendida como a capacidade de uma cidade para sobreviver, se adaptar e crescer independentemente do estresse crônico que é submetida constantemente. Resiliência requer que gestores criem e se comprometam com ações transformadoras, que têm como objetivo prosperar a curto e longo prazo, além de resistir em tempos não tão positivos.
Medellín fornece um poderoso exemplo de como esse tipo de resistência dinâmica pode transformar uma cidade. Um lugar que a revista Time em 1988 chamava de “a cidade mais perigosa do mundo” é agora um destino turístico e centro cultural. Os gestores da cidade colombiana incluíram um sistema de transporte público que beneficiou diretamente as comunidades mais excluídas. Por meio de uma série de gôndolas e escadas rolantes, comunidades periféricas que ocupavam os morros foram conectadas ao centro da cidade. Além da expansão do sistema de transporte, também foram construídas bibliotecas e praças públicas nas zonas mais perigosas da cidade.
Por meio dessas intervenções e de um planejamento integrado, Medellín incentivou o tipo de coesão social e equidade econômica da qual uma cidade depende para se tornar e permanecer resiliente.
Em maio do ano passado, Salvador uniu-se à 100 Cidades Resilientes, uma organização criada pela Fundação Rockefeller com o objetivo de ser uma plataforma para a criação de soluções para situações de choques e tensões constantes que os centros urbanos podem enfrentar.
À medida que as cidades enfrentam as pressões do século XXI, seus gestores e moradores têm uma oportunidade incrível para transformá-las e fortalecê-las. Salvador tem uma magnífica jornada pela frente ao juntar-se com Santiago, México, Lagos, Rotterdam e Paris na adoção de um futuro mais resiliente e levar outras cidades para fazer o mesmo.