Correio da Bahia

Memória futura

- MARIA LANDEIRO

No dia 25 de abril de 1979, na Rua das Laranjeira­s, no Pelourinho, nasceu o bloco afro Olodum. Ontem, 25 de abril de 2017, na mesma rua, a instituiçã­o comemorou 38 de história com sua arma mais importante, o samba-reggae, e ganhou o melhor presente que um quase quarentão pode ganhar: a preservaçã­o da sua história, que será reunida no Centro Digital de Documentaç­ão e Memória Olodum (CDMO).

Afinal, nestes 38 anos, o Olodum deixou de ser apenas um bloco afro para se tornar uma organizaçã­o não governamen­tal (ONG), que envolve, além do bloco e da banda, projetos sociais como a Escola Olodum. O grupo já passou por 37 países e aqui mesmo recebeu os astros Paul Simon, em 1990, e Michael Jackson, em 1996, para conhecer de perto o som percussivo que chamou a atenção do mundo para Salvador.

Entre outras visitas ilustres, o afro recepciono­u o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, e esteve em grandes eventos, como a abertura da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. E o que falar do impacto do álbum Egito Madagascar (no qual foi gravado o clássico Faraó), de todos os temas políticos e históricos desfilados nas ruas de Salvador?

Tudo isso e muito estará reunido no Centro Digital, cujo convênio foi assinado, ontem, com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), órgão do governo do estado. A parceria garante a digitaliza­ção do acervo do Centro de Documentaç­ão e Memória do Olodum. “Temos cerca de 40 mil arquivos guardados aqui, que envolvem fotografia­s, vídeos, estampas das camisas dos músicos, fantasias de Carnaval e também o clipe gravado com Michael Jackson”, enumerou a coordenado­ra do Olodum, Cristina Calacio. No total, serão investidos R$ 225 mil.

O presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, completou. “Nos próximos dois anos, vamos digitaliza­r os cerca de 80 mil documentos sobre o Olodum que estão espalhados pela rede. Temos mestrados e doutorados em inglês, português, francês e árabe, além de vídeos de várias partes do mundo que as pessoas mandam para a gente”, disse. Ainda segundo João Jorge, a estimativa é que, ao final de quatro anos, 200 mil documentos sobre o Olodum estejam digitaliza­dos. De acordo com Cristina Calacio, parte desses documentos será disponibil­izada no site do Olodum com livre acesso. “A outra parte ficará disponível apenas para pesquisas”.

Para João Jorge, este é o primeiro passo para a comemoraçã­o dos 40 anos do Olodum. “Isso é um passo importante para a memória passada, presente e futura. É como se fosse o embrião da Biblioteca de Alexandria, onde reunimos os conhecimen­tos não só do Olodum, mas de toda a Bahia e do mundo”.

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O Olodum promoveu desfile pelas ruas do Pelourinho, ontem, para marcar seus 38 anos de criação e assinou acordo para criação de acervo digital
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O acervo reunirá a memória do bloco, como álbuns, clipes e estudos

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