AV. JEQUITAIA × TRAVESSA DO MINISTÉRIO
No bairro do Comércio, para quem segue no sentido Calçada, próximo ao Museu du Ritmo CULTURAL
Segundo o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UNB), Paulo César da Silva, invadir o sinal vermelho não é apenas um hábito dos baianos, mas faz parte da cultura de trânsito. O professor pontua ainda que o condutor dos automóveis devem entender que além de se expor ao risco de sofrer um acidente, também coloca em risco a vida de pedestres.
“Sempre tem que pensar que a própria lei prevê que todos os condutores são responsáveis pelos pedestres. Além disso, o condutor de um veículo obrigatoriamente passou por um processo de condução e habilitação e tem que ter essa consciência. O pedestre é o mais frágil, porque não tem nenhuma estrutura que o proteja no trânsito”, afirma. Invadir o sinal vermelho é considerada infração gravíssima pelo Código Brasileiro de Trânsito, e a multa é de R$ 293,47, além de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Mas para evitar que a esposa e o filho corressem perigo de serem assaltados, o taxista Washington Souza, 59 anos, optou por avançar o sinal na Av. Suburbana, depois de perceber que dois homens armados roubavam um carro que estava atrás do automóvel da família. “O valor que tenho que pagar não chega nem perto do valor de ter minha família ao meu lado”.
O taxista vai ter que desembolsar ainda mais R$ 103 por causa de outra multa na Avenida Contorno após fazer uma conversão proibida, para fugir de um engarrafamento. Segundo ele, durante o congestionamento, um agente da Transalvador o orientou a seguir mesmo com o sinal fechado, já que a rotatória que dá acesso ao bairro do 2 de Julho estava a pouco metros e um caminhão guincho atrapalhava o trânsito.
“Ele disse que eu poderia seguir, mas ele estava mesmo usando de má fé e o preço disso chegou dias depois na minha casa”, conta. As multas aconteceram no mês passado e ele já entrou com Transalvador.
recursos na
NA MADRUGADA
Durante a madrugada, é difícil que alguém queira ficar parado no semáforo vermelho. E, segundo o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Müller, os fotossensores não registram o avanço de sinal entre as 21h e as 6h, porém isso não significa que o ato deixe de ser infração.
“O Código de Trânsito não prevê uma liberação para avançar o sinal. Por uma política interna nossa, os fotossensores são desligados às 21h. Mas isso não quer dizer que é permitido passar no sinal vermelho, é desligado por bom senso, caso o motorista tenha se sentido inseguro ou ameaçado”, explica Müller.
O professor Paulo César pontua que, nesses casos, o melhor seria deixar os semáforos no intermitente (piscando amarelo), porque indica uma mudança na relação do tráfego naquele local. “Em vez de desligar a fiscalização, pode mudar a sinalização, porque indica que naquele local a regra começa a valer diferente. Seria o correto fazer essa mudança, que não tem nenhum grau de informalidade, e não tem nenhum descumprimento às regras”, observa o professor.
Já o gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, Renato Campestrini, orienta que os motoristas reduzam a velocidade na tentativa de esperar que o semáforo fique verde novamente, e o condutor não precise avançar o vermelho. “A gente recomenda que à noite nunca pare no vermelho, mas passe sempre no verde, reduzindo a velocidade, para evitar o risco de acidentes”, afirma.
Campestrini lembra ainda que, apesar do medo de eventuais crimes na madrugada, o motorista deve ficar atento às possibilidades de um acidente de trânsito. “A gente percebe que a segurança pública é uma das principais preocupações do brasileiro, mas o trânsito mata muito mais do que a violência na cidades”, conclui.