PF denuncia fraude na Olimpíada de 2016
LAVA JATO A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, Receita Federal e entidades internacionais, deflagrou ontem a Operação Unfair Play, mais uma etapa da Lava Jato no Rio de Janeiro, que investigou um suposto esquema de compra de votos para que a cidade sediasse as Olimpíadas de 2016. Segundo denúncias apuradas pela força tarefa, o voto do presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, a favor do Rio como sede do evento teria custado US$ 2 milhões em propina. De acordo com o MPF, a compra pode ter sido feita pela organização criminosa comandada pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, preso em Bangu. Cabral teria recebido R$ 10 milhões no esquema. A documentação reunida pela operação mostra o envolvimento do empresário Arthur Soares, conhecido como “Rei Arhtur”, que mora nos Estados Unidos, da sócia dele Eliane Pereira Cavalcante e de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que foi conduzido ontem para ser ouvido na sede da PF no Rio. O MPF pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão dos três acusados. Segundo o órgão, os investigados obtiveram lucros mediante prática de corrupção e, com isso, lesaram os cofres públicos. O pedido de bloqueio, que inclui bens de valor como apartamentos, joias, carros e um jatinho particular, seria essencial para o desmantelamento da organização criminosa, disse o MPF em nota. As investigações contaram com apoio de autoridades francesas e foram iniciadas há nove meses. Segundo a PF, os pagamentos teriam sido efetuados tanto com entrega de dinheiro em espécie quanto por meio de contratos de prestação de serviço fictícios. Em março, o jornal francês Le Monde havia denunciado que, três dias antes da escolha da cidade, houve pagamento de propina a dirigentes do Comitê Olímpico Internacional. As investigações apontam que Nuzman teve participação na compra de votos de membros do COI e que teria sido o responsável por interligar corruptos e corruptores. Segundo agentes da PF, Nuzman se reservou ao direito de não falar durante o interrogatório na sede do órgão. O advogado dele alegou inocência.