Nilo cercado pela PF
Durante os dez anos em que comandou a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL) era considerado o mais poderoso parlamentar da Casa e um dos políticos de maior influência nos governos petistas. A série de revezes iniciada desde que ele perdeu o posto para Ângelo Coronel (PSD) teve seu ponto alto ontem, quando a Polícia Federal (PF) bateu à porta do apartamento 1.102 do luxuoso condomínio Villaggio Panamby, localizado no Horto Florestal, e apresentou um dos sete mandados da Operação Opinião.
Deflagrada pela Ministério Público Eleitoral (MPE) na Bahia, a operação teve como principais alvos Nilo, a empresa de pesquisas Babesp e pessoas ligadas ao deputado. Todos eles sob a mira da investigação aberta para apurar suspeitas de manipulação fraudulenta de sondagens eleitorais e prática de caixa 2 através do instituto, conhecido pela proximidade com o parlamentar.
Além da residência de Nilo, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado na Assembleia. Chegaram antes das 8h e só saíram por volta das 10h20. Nesse intervalo, os policiais procuraram, analisaram e recolheram documentos a portas fechadas. Segundo a equipe de segurança do parlamentar, Nilo estava na Casa no momento, acompanhado de um advogado e de uma assessora de imprensa.
De acordo com o MPE, os mandados da Opinião foram expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com base em representação formulada pela Procuradoria Regional do MPE na Bahia. A princípio, a operação tem como foco investigar suposto crime de falsidade eleitoral contra Nilo e a Babesp, mas pode alcançar outros delitos.
“Os fatos são objeto de investigações em andamento tanto no Ministério Público Eleitoral quanto na Polícia Federal, que buscam apurar se o deputado Marcelo Nilo prestou informação falsa à Justiça Eleitoral, havendo indícios de que ele seria o controlador de fato da Babesp e que utilizaria a referida pessoa jurídica para contabilização fraudulenta de recursos utilizados de maneira ilegal em campanhas políticas, o que se costuma chamar de “caixa 2”. “Além disso, há suspeita de possível manipulação do resultado das pesquisas eleitorais divulgadas por aquela empresa”, afirmaram a PF e o MPE, em nota.
LIGAÇÕES
Todos os mandados tiveram como destino endereços residenciais e profissionais do político e de pessoas próximas a ele. Entre as quais, seu genro, Marcelo Dantas Veiga, diretor da Embasa, cujo gabinete também foi vasculhado, e o sócio da Babesp, Roberto Pereira Matos, servidor da Secretaria Estadual da Fazenda, outro local onde a PF apreendeu documentos e dados arquivados em equipamentos de informática.
A lista de alvos incluiu ainda a sede da agência de publicidade Leiaute Comunicação, situada na Avenida Tancredo Neves. Em nota divulgada no final da tarde, a Leiaute negou já ter realizado campanha política para Nilo e justificou que trabalha com diversas empresas de pesquisa de opinião, inclusive com a Babesp.
“A Leiaute tem total interesse em fornecer informações e documentos que possam elucidar os fatos de forma transparente e o mais brevemente possível, para que possamos seguir em frente com a mesma postura ética de sempre”, diz o comunicado em que a agência afirma estar “sempre à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento necessário”.
De acordo com o MPE, 30 policiais federais participaram da ação, acompanhada por dois membros da Procuradoria. “O nome da operação, Opinião, é uma referência à empresa investigada, cujo objeto seria a realização de pesquisas”, destacaram o MPE e a PF na nota à imprensa.
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FAMÍLIA
O cerco da PF contra Nilo respingou sobre a família do político. Diretor de Gestão Corporativa da Embasa, o advogado Marcelo Dantas Veiga foi nomeado para um dos mais altos cargos da estatal por indicação do sogro. No seu currículo, há passagens pela assessoria jurídica do Tribunal de Contas do Estado (entre 2014 e 2017) e da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (entre 2011 e 2013).
Não é a primeira vez que o nome de Veiga aparece no no-