Outro irmão Batista na cadeia
O empresário Wesley Batista, um dos donos da JBS, foi preso ontem, em São Paulo, sob acusação de, juntamente com seu irmão Joesley Batista, que está preso em Brasília desde segunda-feira, ter lesado acionistas da empresa e o mercado financeiro.
Wesley Batista teve a prisão preventiva decretada pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, após uma investigação sobre o uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro entre abril e maio de 2017, data de divulgação de informações relacionadas ao acordo de delação premiada firmado entre os executivos da J&F e a Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com a Polícia Federal, Wesley Batista ficará preso em São Paulo por tempo indeterminado. Já seu irmão Joesley, cuja prisão temporária vence amanhã, pode ser transferido para São Paulo, onde ficará detido e cumprirá prisão preventiva, determinada ontem pela Justiça de São Paulo. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) determine prorrogação da prisão temporária, Joesley permanecerá em Brasília.
Os irmãos são acusados de se aproveitarem da informação de que a delação premiada de Joesley impactaria o mercado financeiro, com a desvalorização das ações da JBS. Os investigados, que são alvos de seis operações da Polícia Federal (PF), venderam as ações da empresa, exceto a fatia de 42,5% que pertence a acionistas. A compradora das ações foi a FD Participações, empresa integralmente de propriedade dos irmãos.
Foram vendidas 42 milhões de ações, no valor de R$ 372 milhões. Assim, os dirigentes da JBS evitaram que o excesso de oferta desvalorizasse os papéis. Dessa forma, os empresários diluíram os prejuízos, com a desvalorização de 37% nas ações. Posteriormente, os papéis foram recomprados da FD pela JBS.
Outra irregularidade apontada pela PF foi a compra de contratos futuros de dólar, num total de mais de US$ 2 bilhões, fazendo com que a JBS ficasse em segundo lugar na compra de dólares no país. Um dia após a divulgação da delação, houve valorização do dólar de 9%.
Em comunicado ao mercado, a JBS informou que tomou conhecimento da prisão de Wesley Batista, “mas ainda não teve acesso à integra da decisão e manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados”. A nota foi assinada pela diretoria de Relações com Investidores.