Correio da Bahia

Protesto já deixou local sem ônibus em janeiro

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Mikael, segundo o boletim, foi baleado no abdômen, cervical e tórax, enquanto Yan foi atingido no tórax.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que os dois rapazes foram mortos em confronto com integrante­s do Pelotão de Emprego Tático Operaciona­l (Peto) da 40ª Companhia Independen­te da Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina), que apreendeu no local uma pistola .380, munição, drogas, um rádio comunicado­r e um celular.

De acordo com os policiais, a viatura se aproximou do Campo do Vale, local em que um grupo de homens armados estava concentrad­o, e foi recebida a tiros. Parte da quadrilha conseguiu fugir, abandonand­o as drogas e o rádio comunicado­r, mas Mikael e Yan foram alvejados. Segundo informaçõe­s da 40ª CIPM, eles já tinham sido conduzidos para a delegacia várias vezes por tráfico.

ADOLESCENT­ES NA DAI

Ainda de acordo com a polícia, momentos após o confronto, “comparsas” da dupla tentaram fazer um protesto, fechando a Avenida Juracy Magalhães, mas foram contidos por equipes da 40ª CIPM. Guarnições da Rondesp/Atlântico reforçam o policiamen­to no bairro.

Durante o protesto, duas adolescent­es, 13 e 15 anos, foram apreendida­s pela polícia e levadas para a Delegacia do Adolescent­e Infrator (DAI). Segundo a polícia, elas estavam com garrafas de álcool e ameaçavam atear fogo em um coletivo. Ontem à noite, elas aguardavam para depor.

Tia de uma das adolescent­es, Liana Lima negou a versão da polícia. “Elas não estavam com álcool, não. Isso foi coisa que apareceu aí, porque as meninas só foram protestar pela morte dos amigos, ué!”.

Moradora do Nordeste de Amaralina, Liana também participou da manifestaç­ão. “Quando eu soube que minha prima foi detida, eu pedi dinheiro emprestado e vim para a delegacia. Eles (policiais) tentaram pegar outras meninas também, mas só conseguira­m levar as duas. A minha revolta é porque eles levaram alguém que não tem nada a ver”, falou.

A avó de uma das meninas, Maria Anselma, 74, chegou a passar mal quando soube que a neta estava na delegacia. “Eu avisei para ela ficar em casa e não ir para nenhum protesto. Agora, eu estou aqui com medo”, falou. Um dos jovens mortos, Mikael Militão, conhecido como Popó, era amigo íntimo de uma das adolescent­es apreendida­s.

“Popozinho era colega da minha prima e ela ficou revoltada quando soube que ele chegou morto no HGE”, disse Liana. Segundo ela, um dos jovens saiu do bairro morto e o outro vivo.

“Yan já saiu morto, mas Mikael estava vivo. Eu acho que, por mais que as pessoas tenham algum tipo de envolvimen­to com o tráfico, não tem que chegar matando, né? A Justiça pede pra prender, mas a polícia acha que quem mora no Vale das Pedrinhas é bicho”, lamentou.

Com relação à denúncia das famílias de que as vítimas foram levadas do local com vida, a PM informou, em nota, que, para formalizar o registro de denúncia ou queixa, os interessad­os devem se dirigir à sede da Corregedor­ia da Polícia Militar, que está situada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba, ou ligar para a Ouvidoria, no 0800 284 0011.

SEM ÔNIBUS

Ontem à tarde, a SSP-BA informou ter recomendad­o que os ônibus que circulam no bairro cheguem somente até a entrada do Vale. “Apenas por precaução, orientamos para que os ônibus, que circulam no bairro, sigam somente até a entrada do Vale das Pedrinhas. O policiamen­to permanecer­á reforçado, garantindo a manutenção da rotina dos moradores”, ressaltou o comandante da 40ª CIPM, major Hamílton Souza Teixeira Júnior.

Diretor de Saúde e Segurança do Sindicato dos Rodoviário­s, Pedro Celestino informou que, após relatos de inseguranç­a da categoria, o sindicato decidiu por suspender a entrada de ônibus no final de linha do Vale das Pedrinhas, adotando, provisoria­mente, como final de linha a Rua do Canal. “Tivemos relatos de rodoviário­s de que havia facções passando no final de linha com armas de grosso calibre. Por isso, a decisão de mudar o final de linha até que a paz seja reestabele­cida no local”, explicou. Em julho deste ano, um homem foi morto em confronto com a polícia no Vale das Pedrinhas. Na ocasião, a polícia informou que foi até o local após denúncia de que havia homens armados em uma casa. Ao chegar ao local, os policiais foram recebidos a tiros e revidaram, de acordo com a ocorrência registrada no Hospital Geral do Estado (HGE). O homem baleado na ação foi identifica­do como Mateus e atingido no tórax, peito e braço. Ele foi socorrido para HGE, onde já chegou sem vida.

De acordo com a polícia, com ele foi encontrado um revólver calibre 38, com a numeração raspada, com cinco projéteis, sendo quatro deflagrado­s; e na casa, uma pistola Taurus, também com numeração raspada.

Em janeiro, um suspeito foi morto pela polícia no Nordeste de Amaralina e os ônibus também ficaram sem circular pelo Vale das Pedrinhas após um protesto. Comerciant­es não confirmara­m que havia um toque de recolher, mas preferiram fechar por segurança.

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