Bahia tem perda de participação
Se a produção de frutas está em alta na Bahia, o balanço da safra de 2015-2016 não foi animador para as lavouras temporárias. Foi graças à queda na produção de culturas como cereais, leguminosas e oleaginosas que o estado perdeu participação no valor total da produção agrícola nacional, caindo de 6,5% em 2015 para 4,9% em 2016.
“A gente sofreu bastante com o efeito da estiagem, principalmente no final do ano de 2015, que afetou o início do plantio de diversas culturas”, explicou o supervisor de agropecuária do IBGE na Bahia, Luís Alberto Pacheco. A área colhida com lavouras no estado chegou a diminuir 10,2% – foi de 4,8 mil hectares para 4,4 mil.
Ao todo, o valor da produção baiana recuou 5,1% – ou seja, ficou em R$ 15,7 bilhões. As lavouras temporárias – essas que precisam ser plantadas todo ano – tiveram queda média de 12,6% no valor de produção. “Esse balanço foi exatamente o que a gente já tinha recebido, na prática, dos nossos produtores”, diz o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda.
Uma das principais consequências da seca na produção foi praticamente personificada por São Desidério, no Extremo-Oeste da Bahia. Entre 2015 e 2016, a produção de algodão diminuiu 26,6% na Bahia devido à seca.
Assim, São Desidério, que sempre se destacou como o principal produtor agrícola do país (muito disso por conta do algodão), caiu drasticamente (27,3%). Foi parar na 11ª posição. Formosa do Rio Preto também caiu da 8ª para a 17ª posição. Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, respectivamente o 17º e o 20º maiores, nem entraram para os 20 principais.
O secretário de Meio Ambiente de São Desidério, Joacir Carvalho, afirmou que o que afetou o município foi o clima e a degradação do meio ambiente.
Para completar, a Bahia deixou de figurar entre os principais produtores de soja, na safra de 2016. Foram colhidas 3,3 milhões de toneladas de soja – um recuo de 27,8% em comparação ao ano passado. Somando todos os prejuízos, o estado teve um rombo de cerca de R$ 9 bilhões, como informou o secretário de Agricultura do estado (Seagri), Vitor Bonfim, em janeiro ao CORREIO.
No entanto, os resultados futuros devem ser diferentes. A safra de 2016/2017 já teve índices bem melhores, de acordo com o assessor de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Stahlke.
“Já superamos tudo isso
(de 2015/2016). Nessa safra atual, a gente bateu alguns recordes no algodão e na soja. Na soja, tivemos um aumento e produção de 66% em relação ao ano anterior e o algodão superou a média histórica de produtividade que era de 270 arrobas”, destacou.