Cadê o laudo?
Amanhã faz um ano do desabamento parcial do Centro de Convenções da Bahia (CCB), ocorrido no dia 23 de setembro de 2016, mas o laudo técnico, que analisa a causa do acidente e a situação da estrutura do equipamento, ainda não foi divulgado. Sequer sabe-se o resultado do inquérito policial aberto na 9ª Delegacia (Boca do Rio).
O laudo feito pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) no mesmo mês do acidente só ficou pronto oito meses depois, em maio deste ano. O prazo seria de 10 dias, prorrogáveis por mais 30 repetidas vezes. Segundo o órgão, a demora na conclusão se deu porque havia risco para a equipe de peritos.
Pelo caminho legal, o laudo é encaminhado para a delegacia, que tem o prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado outras vezes pelo mesmo período, para concluir o inquérito. E é aí que a resposta para o que provocou o acidente vira um mistério: não há informações sobre o que o laudo técnico indicou para a delegada responsável, muito menos se os responsáveis foram ouvidos e se houve uma conclusão para o caso.
O CORREIO procurou por dois dias a delegada responsável pelo inquérito, que não atendeu à reportagem, assim como a Polícia Civil, que encaminhou a demanda à Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) e a repassou para a Secretaria de Comunicação (Secom), que não respondeu aos pedidos de informação.
13 ANOS SEM REPAROS
Diante da negativa de acesso dos órgãos do governo do estado ao laudo técnico do acidente, o CORREIO entrou em contato com o engenheiro responsável pelo projeto original do Centro de Convenções, da década de 1970, Carlos Strauch.
Ele acompanhou os peritos do DPT que trabalharam na produção do laudo e afirmou que a causa do acidente foi falta de manutenção. “O laudo diz o que eu já tinha apontado para o governo: a causa do acidente foi falta de manutenção. Foram 13 anos em que o Centro de Convenções não recebia reparos na estrutura. Eles só faziam intervenções no aparelho de apoio”, disse Strauch.
O engenheiro ainda ressaltou que ele e os peritos do DPT flagraram que a peça que quebrou – o tirante – diminuiu de tamanho em 70% por conta da falta de manutenção. “Eu subi com o perito nas plataformas, medimos o tirante e tinha apenas 3mm de tirante, enquanto o normal é 10mm. Não tem condições de um tirante de 3mm suportar aquela estrutura”, explicou.
O engenheiro também defende que o prédio do Centro de Convenções ainda pode ser utilizado, caso uma manutenção seja realizada. “É claro que dá para utilizar. Precisa-se fazer a manutenção no resto do prédio e construir uma nova estrutura na parte que houve o desabamento”, defendeu Strauch, que ressalta que ainda há risco do prédio desabar.
Acidente no Centro de Convenções faz um ano sem laudo divulgado
SEM NOTÍCIAS
Apesar do que diz o engenheiro responsável pelo projeto, nem mesmo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) e o Instituto de Arquitetos do Brasil – Bahia (IAB-BA) conhecem o conteúdo do laudo oficial. Não há obrigatoriedade de que as duas entidades sejam comunicadas sobre o resultado, mas, ainda assim, o próprio Crea solicitou que o governo emitisse um laudo.
O coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Crea-BA, Leonel Borba, atesta que também não teve contato