Correio da Bahia

Quatro mil alunos ficam sem aula

- COLABOROU GIL SANTOS

Além dos cinco mortos, sete foram presos e um adolescent­e, apreendido, nesses últimos três dias.

Seis dos presos foram apresentad­os na manhã de ontem, incluindo Vitor Pires, acusado de matar o policial na Pituba. Os outros são Carlos Magno Ramos dos Santos, Felipe dos Santos Bonfim Araújo, Luís Filipe Soares Nascimento, William Santos da Costa e Leonardo Adriano Silva. O adolescent­e, que, segundo a polícia, também integra a mesma quadrilha, foi encaminhad­o para a Delegacia do Adolescent­e Infrator (DAI).

Segundo o comandante da 40ª CIPM, major Amilton Souza, a explicação para o que ocorre na região do Nordeste está no enfrentame­nto dos criminosos. “O que aconteceu é que tivemos os primeiros autos de resistênci­a com dois bandidos da região (no Vale das Pedrinhas, na última terça) e, desde então, os comparsas dos mortos estão enfrentand­o as guarnições”, declarou o major Amilton.

Na última terça, moradores do Vale das Pedrinhas fecharam um trecho da Avenida Juracy Magalhães e atearam fogo em pneus em protesto contra as mortes de Mikael e Yan.

TRÁFICO

De acordo com o delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), que também participou da apresentaç­ão, o complexo do Nordeste de Amaralina é dominado por um único grupo criminoso. “Sabemos que a região é tomada pela facção Comando do Boqueirão (CB), que é pertencent­e ao Comando da Paz (CP). Tanto os criminosos que morreram em confronto, como aqueles que foram presos pelos policiais, fazem parte do CP”, afirmou o delegado.

Ainda de acordo com ele, a facção costuma praticar quatro crimes. “Todos ligados ao CP cometem homicídios, assaltos, tráfico de drogas e associação para o tráfico.”

O delegado Geraldo Damasceno, titular da 28ª Delegacia (Nordeste), disse que os dois jovens de 18 anos, mortos na última terça-feira, faziam parte do grupo de Leandro Marques, segundo maior traficante do Serra Verde, localidade do Vale das Pedrinhas.

De acordo com Damasceno, o traficante Val Bandeira, preso no Complexo Penitenciá­rio da Mata Escura, é o principal chefe da área. Os traficante­s identifica­dos como Shakira e Pequeno atuam como primeiro e segundo homens, respectiva­mente. Já os suspeitos identifica­dos como Ivo, Menca, Dimas e Bagaço fazem a segurança da localidade.

Os suspeitos Caique, conhecido como Loiro, Albiere, conhecido como Chucky, Anderson, conhecido como Peixinho, e outros dois, identifica­dos apenas como Lucas e Vitor, atuam no Centro Vale, que também é comandado por Val Bandeira.

“O policiamen­to está sendo intensific­ado, mas a polícia encontra dificuldad­e em relação à topografia do terreno. Os bandidos usam como escudo mulheres, idosos e crianças”, contou o delegado.

ÔNIBUS

Com a violência, os ônibus não estão circulando desde anteontem na Santa Cruz e continuava­m sem rodar também no Vale das Pedrinhas.

Crianças aproveitar­am a ausência dos ônibus para brincar na pista, que, em alguns casos, foi transforma­da em um campo de futebol. Uma viatura foi estacionad­a na entrada do Vale das Pedrinhas e outra equipe da PM deu plantão na subida da ladeira que leva ao bairro de Santa Cruz. Quase quatro mil alunos ficaram sem aula ontem, no Complexo do Nordeste de Amaralina. Eles são estudantes de 14 escolas públicas da rede municipal que fecharam as portas por conta da inseguranç­a no bairro.

Anteontem, quatro dessas escolas já haviam suspendido as aulas pelo mesmo motivo. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que ainda não há uma previsão de quando tudo voltará à normalidad­e. No total, 3.859 alunos foram prejudicad­os por conta da inseguranç­a.

Procurada, a Secretaria Estadual da Educação (SEC) informou que nenhuma escola da rede estadual suspendeu as aulas ontem.

No bairro da Santa Cruz, parte do comércio também não abriu as portas, assim como o posto de saúde do Nordeste que fica ao lado da delegacia.

Ainda sobre os ônibus, na manhã de ontem, representa­ntes do Sindicato dos Rodoviário­s estiveram no bairro para avaliar a retomada do serviço até o final de linha.

“Vamos fazer uma avaliação e ver qual a possibilid­ade de retornar ou não. Estamos conversand­o com as empresas e a PM para tomar essa decisão em conjunto. O que queremos é fazer isso com menos trauma para a população, que é quem mais sofre com a mudança do terminal”, disse Fábio Primo, vice-presidente da categoria.

A volta chegou a ser anunciada para as 14h de ontem, mas apenas no Nordeste os coletivos estavam circulando. Mais tarde, o comércio voltou a abrir as portas na Santa Cruz, e moradores saíram às ruas.

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Várias blitze foram realizadas pela polícia ao longo do dia

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