Correio da Bahia

São Cristóvão tem comércio diversific­ado

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Ainda segundo o gerente, mesmo na crise (ou talvez até por causa dela), a loja não parou de crescer. “Esse é um dos comércios que não pararam de crescer porque, quanto mais gente desemprega­da, mais gente quer fazer alguma coisinha para vender”, acredita. Barreto lembra que o público que saiu do mercado de trabalho em função da crise viu no empreended­orismo uma saída, mas até para produzir é preciso consumir. “A loja acaba sendo uma provedora e as pessoas só tendem a fidelizar se der certo. Os pequenos negócios são os provedores, o início da cadeia. A pessoa cria algo, vende ali mesmo no bairro e a economia vai girando no local”, acrescenta.

VENDAS PELA INTERNET

No entanto, a resposta para o rápido sucesso também pode estar nas estratégia­s de marketing, já que a Shalom MDF possui canais de venda online, incluindo site, Instagram e WhatsApp, com entregas para todo o Brasil. Focado em manter o ritmo, Cleber conta que agora planeja abrir uma filial no centro da cidade e também contratar dois profission­ais de marketing para cuidar melhor das redes sociais. “Queremos alguém para gerenciar e trazer ferramenta­s interessan­tes, que aumentem ainda mais as vendas”, justifica.

O gerente conta que as vendas dos produtos já são feitas para todo o Brasil, mas o foco é mesmo o mercado baiano. “Porque o frete fica mais em conta. Toda a logística e cobrança de imposto dentro do estado é melhor para vender”, adianta. No ano passado, o Sebrae divulgou uma pesquisa sobre o comércio eletrônico em que a Bahia aparece em 7º lugar como destino das vendas de lojas virtuais brasileira­s. Como é de se esperar, o topo é liderado por São Paulo e Rio de Janeiro. Outro dado interessan­te é que os principais segmentos de atuação dessas empresas são justamente moda e decoração para casa, com 30% e 13%, respectiva­mente.

O especialis­ta do Sebrae comenta ainda que os e-commerces não são novidade, mas que a internet vem alterando cada vez mais a dinâmica da empresas, sendo que, mais recentemen­te, lojas como Americanas, Submarino e Walmart passaram a fazer vendas comissiona­das de produtos de pequenas empresas.

Segundo Barreto, além de impulsiona­r a saída de mercadoria­s, a presença online tem o poder de expor e dar visibilida­de às marcas pequenas. “Claro que o objetivo é vender, mas o fortalecim­ento da marca pode ser feito pela internet, gerando valorizaçã­o e reconhecim­ento”, sugere o especialis­ta do Sebrae. Com uma grande diversidad­e de comércios e serviços, a Avenida Aliomar Baleeiro, a principal do bairro, tem desde frigorífic­os a consultóri­os odontológi­cos. No último levantamen­to da ferramenta Radar Sebrae, com dados de outubro de 2015, havia 540 empresas no bairro de São Cristóvão. O catálogo é preenchido por restaurant­es, lojas de roupas e calçados, hortifrúti, móveis e eletros, assistênci­a técnica de celulares e notebooks, padarias, materiais de construção, óticas, farmácias, salões de beleza, entre outros.

Para a comerciant­e Raimunda Maia, 57, que há 15 anos é dona de um pet shop, o bairro é excelente porque “tem tudo, não precisa sair para outro lugar para comprar nada”. A maior concentraç­ão é de salões de beleza (138), seguida por minimercad­os/mercearias (97), bares e restaurant­es (56) e comércio de cosméticos (48). Esse potencial chamou a atenção da cabeleirei­ra Cristina Santana, 42, que decidiu sair de um salão na Barra, onde trabalhava há 20 anos, para poder montar seu próprio negócio. “Eu percebi que eu tinha conhecimen­to e decidi encarar. Fui conquistan­do minhas clientes e já estou lá há quatro anos”, conta ela.

Segundo Raimunda, o público consumidor vem de bairros vizinhos como Mussurunga, Itinga, Abrantes e Stella Maris. O Radar Sebrae definiu a região como de alta centralida­de urbana, com um grande número de vias estruturan­tes, circulação de pessoas e atividades comerciais próximas. A ferramenta também informa a renda média da população, estimada em R$ 852,46 per capta, valor considerad­o popular. Para o especialis­ta Fabrício Barreto, o fato de a maioria das empresas do local ter superado os dois primeiros anos de existência revela que o bairro está em constante cresciment­o.

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