Correio da Bahia

OS LOJISTAS E OS SHOPPINGS

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Dois anos de uma recessão brutal fizeram vir à tona a realidade e os problemas dos shoppings centers na Bahia e no Brasil. Esta coluna teve acesso em primeira mão aos resultados de uma pesquisa intitulada Diagnóstic­o da Relação Lojistas e Shoppings Centers na Bahia, realizada pela Câmara de Empresário­s em Shopping Centers da Fecomércio-BA, que traz informaçõe­s sobre o setor. O documento traz dados obtidos através de pesquisa em shoppings de Salvador e mostra que cerca de 200 lojas foram fechadas nesses estabeleci­mentos em 2016.

Com isso, o índice de vacância média de estabeleci­mentos nesses centros comerciais chegou a quase 10%. Não é de estranhar, afinal, cerca de 75% das lojas de shoppings centers são considerad­as pequenas com faturament­o entre R$ 40 mil e R$ 60 mil por mês. O documento toma partido dos lojistas e afirma que o custo de ocupação médio nos shoppings, que é o valor pago pelos lojistas para utilizar as instalaçõe­s dos centros comerciais, é muito alto. Segundo o estudo, o custo de ocupação médio nos shoppings de Salvador é de quase 20%, variando entre 16,5% e chegando até 22%, e argumenta que o percentual ideal seria de 10%.

A questão é delicada, mas nesse mercado, em que de um lado estão as administra­doras de shoppings e de outro os lojistas, o ideal é encontrar um ponto de equilíbrio, o que na crise é muito mais difícil. O problema é que com a queda no faturament­o das empresas, o custo de ocupação médio nos shoppings ficou proporcion­almente maior e, em muitos casos, o aumento não foi apenas proporcion­al, mas absoluto. O documento afirma também que está havendo uma mudança no perfil dos frequentad­ores de centros comerciais. Se antes, as pessoas iam ao shopping fundamenta­lmente para comprar, agora querem muito mais que isso e vão em busca de entretenim­ento, lazer e cultura. O mais provável é que os clientes que vão aos shoppings busquem as duas coisas: consumo e entretenim­ento e, nesse caso, novamente, é preciso uma ação conjunta para que eles sejam atraídos às compras.

O documento, que vai ser lançado no dia 30 de outubro na Casa do Comércio, vai gerar polêmica, até porque aborda os conflitos jurídicos entre lojistas e shoppings. Mas é preciso bom senso, afinal, se é verdade que a relação entre lojistas e shoppings precisa ser mais ajustada, é verdade também que nesse negócio um depende do outro, por isso bom mesmo é encontrar um ponto de equilíbrio, onde os custos de ocupação sejam compatívei­s com o faturament­o das lojas.

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