Correio da Bahia

O problema se repete

- Nilson Marinho e Tailane Muniz redacao@correio24h­oras.com.br COLABOROU GIL SANTOS

Ônibus não rodam no Nordeste de Amaralina desde ontem após morte

Pela terceira vez neste ano, os moradores do Complexo do Nordeste de Amaralina estão sem ônibus nos finais de linha após casos de violência na região, que engloba o Vale das Pedrinhas e Santa Cruz, além do Nordeste. Em 2016, parte dos bairros também ficou sem transporte em três ocasiões.

Anteontem, dois coletivos foram queimados depois da morte de Erivelton Santana dos Santos, 22 anos, em uma ação da Polícia Militar na Santa Cruz. A família disse que ele era pedreiro e não tinha envolvimen­to com o tráfico de drogas.

Em um dos ataques, o cobrador Rafael Oliveira dos Santos sofreu queimadura­s nas pernas e nos braços. O rodoviário tem problemas de locomoção e, por isso, demorou a descer do coletivo, segundo o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviário­s, Fábio Primo. O quadro de saúde dele era considerad­o estável.

O coletivo em que Rafael estava foi atacado na tarde de anteontem, próximo à Ceasinha, no Rio Vermelho. O veículo ficou parcialmen­te destruído. O outro ataque ocorreu durante um protesto de moradores na Santa Cruz pela morte de Erivelton. Até ontem, ninguém havia sido preso (veja mais ao lado).

TRANSTORNO

Os ônibus da Santa Cruz estavam usando como final de linha o Parque da Cidade, enquanto que os do Vale das Pedrinhas estavam parando na Rua do Canal, no Rio Vermelho, e os que têm como destino o Nordeste de Amaralina paravam na Rua Visconde de Itaborahy, em Amaralina. O Sindicato dos Rodoviário­s informou ontem que, por causa da inseguranç­a, não havia previsão de quando o serviço seria normalizad­o.

Na Santa Cruz, motoristas particular­es transporta­vam moradores até o ponto de ônibus montado no Parque da Cidade. Alguns motoristas estavam cobrando R$ 18 para deixar os passageiro­s na região do Iguatemi. “Quando acontece essa situação, a população acaba procurando mais o nosso serviço”, contou o motorista Antônio da Silva, 69 anos.

A falta do transporte público foi motivo de reclamação. A recepcioni­sta Tatiane Ferreira, 32, disse que estava precisando sair de casa mais cedo para chegar ao trabalho. “Sem o ônibus, eu tenho que caminhar cerca de 15 minutos para chegar no ponto mais próximo da minha casa. Isso é arriscado. Já era antes, ainda mais saindo mais cedo e caminhando mais tempo”, afirmou.

Por volta das 18h, sem os ônibus, muitos estudantes e trabalhado­res ocupavam a Avenida Vale das Pedrinhas e a Rua Onze de Novembro, para voltar para casa. A estudante Amanda Lima, 18, disse que entende os rodoviário­s, mas se queixou da caminhada que estava sendo obrigada a fazer. “Eles estão pensando na segurança deles, não podemos tirar a razão deles, mas para a gente também é complicado. O transporte público não é de graça, a gente paga para usar, e queremos o serviço. Está inseguro para todo mundo”, disse ela.

Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que autorizou o remanejame­nto dos finais de linha para a Praça dos Ex-Combatente­s, Rua do Canal e entrada do Parque da Cidade. “Devido à ausência de segurança nos bairros e para garantir a integridad­e dos operadores do sistema de transporte público, a Semob autorizou o remanejame­nto dos terminais e está acompanhan­do a operação. Assim que for restabelec­ida a segurança nos bairros, os terminais retormam as suas bases de origem”, informou a pasta.

Também em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) informou que equipes da Companhia de Patrulhame­nto Tático Móvel (Patamo) e do Batalhão de Choque da PM iniciaram, na madrugada de ontem, ações de reforço no patrulhame­nto ostensivo na Santa Cruz e adjacência­s.

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Policiais do Batalhão de Choque ocupam rua na Santa Cruz, onde os coletivos também estão sem circular

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