Pressão com juros e correção
Enquanto a família era feita refém em São Cristóvão, Salvador, o gerente-geral de uma agência bancária da capital, chegava ao local de trabalho, no bairro vizinho de Itapuã, com um cinto de explosivos preso à cintura, sob o terno. A ameaça só foi removida quando o valor do resgate foi retirado da agência e entregue aos bandidos: R$ 113 mil.
Depois de ser afastado do trabalho por problemas psicológicos, o gerente acabou sendo demitido este ano. Experiências de violência como assaltos, explosões e sequestros relâmpago são apontados como algumas das principais razões do afastamento de trabalhadores do setor bancário. Somente este ano, foram registradas 67 ocorrências de ataques a instituições financeiras, segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia.
Um relatório sobre o retrato do adoecimento no setor será divulgado, hoje, numa audiência pública às 8h no Ministério Público do Trabalho, no Corredor da Vitória.
No levantamento, também foi constatado um número expressivo de denúncias ao MPT sobre assédio moral por parte das instituições financeiras. De 2012 a 2014, foram 65 denúncias junto ao MPT - Banco do Brasil e Bradesco lideram os casos levados ao órgão.
PRESSÃO
De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, as experiências com violência estão ligadas aos problemas psiquiátricos que acabam afastando os trabalhadores, como a síndrome do pânico. “A sensação de insegurança acaba também refletindo nesses profissionais”, declara.
Apesar de o sindicato registrar 67 ocorrências de janeiro até 25 de outubro deste ano, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) contabilizou no mesmo período 61 casos. Somente este mês, em cinco dias, três agências foram atacadas em Salvador - o Santander foi alvo duas vezes.
Além da violência, ainda há o problema do assédio moral, que passa pelo alto nível de exigência das instituições em relação a resultados por parte dos trabalhadores, como o estabelecimento de metas elevadas de produção. Esses são apontados como fatores que resultam em afastamentos e aposentadorias.
Relatório mostra que o medo ronda quem trabalha em bancos