Afro Fashion Day terá produções de estudantes do Instituto ACM
Com parte da percussão no chão do Largo da Mariquita, o Ilê Aiyê abriu ontem a última noite do Percpan com sua percussão expressiva e letras próprias, que valorizam a autoestima do negro. “O Percpan é um dos eventos mais importantes que acontecem aqui”, disse Vovô do Ilê. CONSCIÊNCIA NEGRA Profissionais do ramo da moda e da arte que participam como estudantes do projeto Bahia Revoluções Criativas, promovido pelo Instituto ACM, terão suas produções criadas nas aulas do curso Armazém da Moda na passarela da terceira edição do Afro Fashion Day (AFD), evento do CORREIO que celebra o mês da Consciência Negra. A iniciativa, que tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e patrocínio da Avon, vai ocorrer no dia 18 de novembro, das 10h às 20h, no Porto Salvador (Avenida da França, 393), no Comércio, dando visibilidade para modelos negros, a cultura afro-brasileira e os trabalhos de marcas locais. De jaquetas trabalhadas com chita à reutilização de jeans e couro, passando pelo reaproveitamento de linhas que seriam jogadas fora, os artesãos, costureiras, estilistas e artistas do projeto construíram peças únicas e sustentáveis que irão passar pela curadoria do produtor de moda do AFD, Fagner Bispo, e integrar looks do desfile. “Escolherei as peças que dialogam com as das marcas. É preciso que fiquem harmônicas e não de forma aleatória”, revelou Bispo. Os produtos também estarão disponíveis para venda na Feira Colaborativa que integra o evento.
“Os cursos promovidos pela Bahia Revoluções Criativas são gratuitos e voltados para pessoas de todas as comunidades de Salvador. Estamos capacitando cortadores, costureiras, designers e alfaiates com encontros semanais. O foco do projeto é o fomento e a requalificação de profissionais da área de economia criativa”, conta Lili Bião, da equipe de comunicação do Instituto ACM. Ela compartilhou ainda que as peças se conectam aos quatro elementos (ar, água, fogo e terra), tema do Afro Fashion Day neste ano. “Tem uma coleção só sobre o sertão, que faz referência à terra. Assim como temos muita coisa sobre o mar, que remete à água”. O AFD 2017 trará produções de 40 marcas baianas de acessórios, turbantes, roupas e calçados. GOVERNADOR Um chamado para que pediatras e anestesistas cubanos venham atuar nas universidades estaduais da Bahia, feito pelo governador Rui Costa (PT) durante uma viagem oficial a Cuba, na última semana, provocou reclamações de médicos baianos. Na última terça-feira, uma postagem na conta oficial do governador no Instagram fala do convite. “Estamos discutindo meios para que as universidades estaduais da Bahia recebam profissionais cubanos que atuem em especialidades que temos carência, como anestesia e pediatria”. A reação da categoria surgiu em forma de nota pública, divulgada anteontem. Na nota, da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia (Saeb), a categoria disse ter potencial para ampliar a formação de anestesiologistas, caso seja necessário, e também afirmou que “existe interesse dos profissionais em atuar na rede pública estadual”. De acordo com dados do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), existem hoje 801 médicos anestesiologistas registrados no estado. Ainda de acordo com a Saeb, 30 novos especialistas são formados por ano na Bahia. “Não podemos atribuir o comprometimento na atenção à saúde da população à ausência de anestesiologistas, mas sim à carência na estrutura dos serviços”. A Saeb se coloca à disposição do governo para analisar os fatos e buscar soluções. O Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) também reagiu. “Já ficou muito claro, por exemplo, a partir do Programa Mais Médicos, do governo federal, que o país não tem carência de profissionais da Medicina, mas sim de políticas públicas que estimulem os médicos brasileiros a assumir postos de trabalho onde a falta de infraestrutura é total”, diz nota do Sindimed. Após a repercussão, o texto da postagem do governador foi editado nas redes sociais e não cita mais as especialidades. Agora, fala em receber “docentes cubanos que atuem levando suas experiências para dentro de sala de aula”. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Bahia negou que o objetivo seja trazer médicos cubanos para cá. “Em missão oficial em Cuba, o governador Rui Costa iniciou o diálogo com a Faculdade de Medicina de Havana com o objetivo de estabelecer cooperação acadêmica entre a instituição cubana e as quatro universidades baianas. O objetivo, portanto, não é trazer médicos especialistas para a Bahia”, diz.