Filho de peixe...
De olho na herança dos pais, sete filhos de políticos baianos se preparam para disputar o parlamento estadual ou federal na sucessão do próximo ano. Contando com o apoio do capital eleitoral da família, seis deles vão tentar ocupar as cadeiras deixadas pelos pais na Assembleia Legislativa, enquanto um, o presidente da Desenbahia, Otto Alencar Filho (PSD), vai tentar um voo bem mais alto: a Câmara dos Deputados em 2018.
Filho do senador Otto Alencar, presidente do PSD no estado, ele desponta como uma das principais apostas do partido para a disputa por uma vaga no Congresso Nacional. Além de Otto Filho, outros três possíveis candidatos são do PSD. Diego Coronel, filho do presidente da Assembleia Legislativa, Ângelo Coronel, briga pelo lugar do pai, que cogita mudar de ares após sete mandatos como deputado estadual. A princípio, sonha com espaço na chapa majoritária do governador Rui Costa (PT) na sucessão estadual.
Já Rogério Andrade Filho e Larissa Oliveira vão tentar tomar de volta as cadeiras deixadas pela família na Assembleia no ano passado. Eles são, respectivamente crias dos ex-deputados estaduais Rogério Andrade e Robério Oliveira, eleitos prefeitos de Santo Antônio de Jesus e Eunápolis em 2016.
O ex-deputado estadual Vando (PSC), que em 2016 foi eleito prefeito de Monte Santo, trocou a capital pelo interior e, agora, quer lançar o filho Leandro Laerte (PSC) na corrida por uma vaga na Assembleia. Laerte não é necessariamente um novato na política, já que é vereador da cidade governada pelo pai.
DOBRADINHAS
O sexto integrante do time dos herdeiros é João Paulo Isidório, filho do deputado estadual Pastor Sargento Isidório (Avante). O pai deve tentar uma vaga na Câmara dos Deputados no próximo ano e fará dobradinha com João, que hoje comanda a Fundação Doutor Jesus, famosa instituição idealizada pelo deputado.
O ex-jogador de futebol Igor Manassés (PSL) completa a escalação da equipe. Filho do deputado estadual Manassés (Pros), ele é primeiro suplente do vereador José Trindade (PSL) na Câmara de Salvador e diz que a possibilidade de candidatura ainda está sendo amadurecida, mas também deve fazer dobradinha com o pai caso ele tente concorrer a uma vaga em Brasília.
OLHO NO FUTURO
Dentre eles, o mais novo é Rogério Andrade Filho, que tem 20 anos e vem de família com tradição política. Além do pai, o avô, Aloísio Andrade, foi deputado e prefeito de Santo Antônio de Jesus por quatro mandatos. Ele se diz motivado pelo desejo de deixar sua marca na região, além de desejar seguir o legado dos antecessores.
Apesar da pouca idade, Rogerinho, como é mais conhecido, afirma estar preparado e segue o exemplo do pai, eleito deputado estadual com apenas 24 anos. Agora, o filho pode bater o recorde. “Estou me preparando cada vez mais. Meu pai, na primeira vez em que foi deputado, nunca havia tido experiência de um cargo eletivo. Mas acompanhando meu avô, com uma equipe preparada, dedicada e competente, fez um grande mandato”, elogia.
Rogerinho cursa Direito e, se conseguir seguir o cronograma sem atrasos, deve se formar no segundo semestre de 2020. Caso seja eleito, vai ter que conciliar a faculdade com o mandato, que inicia em 2019. “Vou fazer o jogo de cintura para isso, pois formação acadêmica é importante para minha vida”, pontua.
Sete herdeiros de políticos baianos se preparam para disputar a eleição
EXPERIÊNCIA
Diego Coronel, por sua vez, é mais experiente na política baiana. Formado em Administração, ele já foi prefeito de Coração de Maria, cidade que também esteve sob comando do pai. Aos 34 anos, quer dar um novo passo na carreira política, assumindo o lugar de Coronel na Assembleia.
“Ele tem um legado muito forte. A cobrança vai ser grande em cima de mim, mas sabemos que temos um longo caminho pela frente”, afirma Diego, que carrega a bandeira do municipalismo. “Em especial, a defesa das cidades de pequeno porte, onde os problemas só aumentam a cada dia”, afirma.
Diego revela, ainda, que não pretende voltar ao Executivo. Diz que espera construir uma boa trajetória no Legislativo. “Quero, agora, ter essa experiência de fato e poder dar minha contribuição de alguma forma, caso seja eleito”, ressalta o filho mais novo de Ângelo Coronel. “Meu irmão mais velho não gosta muito de política, prefere seguir a carreira empresarial. Em mim, despertou desde cedo a vocação para a política, que vejo como instrumento para ajudar as pessoas”, frisa, usando o discurso típico dos políticos com experiência.
EMPOLGAÇÃO
Quem também está empolgado com a carreira política é João Paulo Isidório. Diretor-geral da Fundação Doutor Jesus, ele aposta no trabalho social desenvolvido na instituição para conseguir os votos necessários na eleição. Assim como Pastor Isidório, o filho carrega a bandeira de prevenção às drogas. “Focamos no resgate dos jovens do mundo das drogas e também na prevenção, no cuidado e atenção, especialmente com a juventude”, conta João, que é o segundo dos sete filhos do parlamentar.
“Sempre estive envolvido com a política, acompanhando meu pai. Fui coordenador das campanhas dele nas últimas eleições”, diz João Paulo, que tem 26 anos e estuda Serviço Social. Quanto ao estilo folclórico, ele afirma que prefere deixar com o pai. “Ele faz o folclore, mas consegue passar sua mensagem”, pondera.
O trabalho com a juventude e a prevenção às drogas também são pautas de Igor Manassés. Ex-jogador de futebol, ele começou a carreira nas divisões de base do Corinthians e se profissionalizou no Avaí. Atuou em equipes da Espanha e Emirados Árabes e, há três anos, decidiu encerrar a trajetória no futebol e se dedicar ao trabalho social com jovens. “Meu lema é educar o jovem de hoje para não punir o de amanhã”, enfatiza.
A possibilidade de dobradinha com o deputado Manassés, que deve tentar uma vaga no Congresso, é real, mas ainda está no começo das articulações. “Estamos trabalhando com essa hipótese, mas não tem nada certo”, frisa, revelando ainda que deve migrar para o partido do pai, o Pros, caso confirme a candidatura.