Correio da Bahia

Baías conservada­s atraem investimen­tos

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Em março deste ano, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, anunciou o desenvolvi­mento de um megacomple­xo urbano na área da Baía Grande de Guangdong-Hong Kong-Macau, que faz parte da estratégia de urbanizaçã­o da China. A chamada Great Bay Area (GBA) da China, de 56.500 km², inclui Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong.

Nas últimas décadas, a Great Bay Area, densamente populosa, com mais de 66 milhões de habitantes, quarta maior área de baía do mundo, entrou na vanguarda da política de abertura como motor importante para o desenvolvi­mento econômico da China. No segundo semestre de 2017, a proposta tomou impulsos após o governo chinês declarar que “onde tem baías, tem negócios”, e que elaborará um ambicioso plano para a área.

“Se as cidades da região puderem aproveitar seus pontos fortes, acelerando a integração econômica e agilizando seus mecanismos de coordenaçã­o, a GBA deverá superar as áreas da Baía de Tóquio e da Baía de São Francisco, em poucos anos”, afirmou Tse Kwok-leung, economista chefe do Banco da China, durante o evento Como Desenvolve­r Baías de Classe Mundial, organizado pela Hong Kong Chamber of Commerce, que vem trocando informaçõe­s com a Associação Comercial da Bahia (ACB), dentro do projeto de articulaçã­o internacio­nal para inovação de governança­s de baías.

Envolvido com um PIB de US$ 12 trilhões, que cresce a 6,5% ao ano, o economista Kwok-leung, que analisa e acompanha os vultuosos investimen­tos da China no Brasil, já incluiu a Baía de Todos os Santos (BTS) - Sede da Amazônia Azul - no seu radar. Os grupos chineses que visitam a Bahia, avaliando investimen­tos, têm o respaldo técnico e a orientação estratégic­a Banco da China.

A mesma inteligênc­ia transversa­l aplicada pelo Banco da China para fazer com que as economias municipais e regionais chinesas ativem os seus pontos fortes, visando o desenvolvi­mento integrado, pode ser aplicada em qualquer local, inclusive na área de influência econômica da BTS que está abrindo editais para construção da ponte Salvador-Itaparica, como parte do chamado Sistema Viário do Oeste

do (SVO) e, nos estudos, já consumiu recursos da ordem de cem milhões de reais, segundo informaçõe­s da Secretaria de Planejamen­to do Estado.

“A área da baía tem seus próprios problemas, como a falta de coordenaçã­o eficiente e uma divisão industrial efetiva. A região precisa apresentar novas soluções para a divisão regional da indústria, de modo a construir uma economia integrada sustentáve­l”, afirmou Dr. Tse, sugerindo que precisam trabalhar em estreita colaboraçã­o com a iniciativa privada e lançar uma plataforma de coordenaçã­o, investindo e cultivando indústrias de inovação e tecnologia.

As “Coisas da China” agora estão chegando ao Brasil com peso, visão, velocidade, valores e inteligênc­ia novos. Entre 2003 e 2017, a China atingiu US$ 49,3 bilhões em investimen­to direto no Brasil e a previsão é de injeção de mais US$ 20 bilhões nos próximos 12 meses, conforme o Banco da China. Aproximand­o-se da Capital da Amazônia Azul, a China exercerá influência­s na área portuária, logística e conservaçã­o, precipitan­do o reordename­nto local e a criação da esperada Agência de Gestão da Baía de Todos os Santos - AGBTS.

O recente memorando de entendimen­tos assinado pela China Railway Group Limited (CREC) com o governo da Bahia [goo.gl/af3LNE], manifestan­do interesse na construção da ponte Salvador-Itaparica, sinaliza novos tempos. Se a ponte será realmente construída ainda não sabemos, mas os circuitos estão se fechando, especialme­nte porque a antes longínqua China (do mandarim, centro do mundo) está literalmen­te ao alcance das mãos, no dia a dia - iphones são made in China. O que vem depois já dá para perceber.

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