Prejuízo milionário
Ao menos R$ 10 milhões é o prejuízo mínimo estimado com a destruição de maquinários diversos da fazenda Rio Claro, pertencente à empresa Lavoura e Pecuária Igarashi LTDA., em Correntina, no Extremo Oeste da Bahia.
Os proprietários da empresa começaram a fazer o cálculo anteontem, dia em que também prestaram queixa do ocorrido à Polícia Civil de Correntina, a 914 km de Salvador.
A fazenda foi praticamente destruída na quinta-feira passada por cerca de 500 pessoas, a maioria pecuaristas e agricultores, que invadiram o local em protesto contra o novo sistema de irrigação da Igarashi, produtora de batata, cenoura, feijão, tomate, alho e cebola.
Segundo a Polícia Civil, os manifestantes alegam que o nível da água do rio baixa quando as bombas do sistema de irrigação das fazendas são ligadas - além da Rio Claro, a Igarashi colocou sistema de irrigação em parte de uma propriedade vizinha, a Fazenda Curitiba, também invadida. Essa disputa pela água se arrasta, ao menos, desde 2015. O governo do estado diz que realiza fiscalizações.
Em nota, a empresa declarou que os invasores “promoveram um ato de vandalismo injustificável e criminoso, ferindo, inclusive, um de seus colaboradores” e destacou que “todas as atividades desenvolvidas possuem as autorizações ambientais”.
“A Igarashi repudia todos os atos criminosos de vandalismo praticados, dos quais foi vítima. Ato que não tem qualquer legitimidade ou justificativa ambiental, ao tempo em que adotará todas as medidas legais para defesa dos seus direitos e responsabilização dos indivíduos que cometeram referidos atos de vandalismo.”
Entidades de classe como a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também se manifestaram por meio de nota sobre o fato.
A Aiba classificou o manifesto como “extremista e sem embasamentos técnico-científico, onde os participantes atribuem o baixo volume dos rios exclusivamente aos pivôs utilizados na irrigação das lavouras, desconsiderando estudos recentes sobre a disponibilidade hídrica da região, fatores climáticos e o próprio ciclo da natureza.”
A CNA diz que “espera dos governos federal e estadual uma sinalização clara de que não compactuam com a violência no campo, assegurando aos produtores rurais brasileiros o respeito aos ditames do Estado de Direito para que possam continuar a produzir com liberdade e segurança.”
A Abapa, por sua vez, observou que “o rio Arrojado está com a vazão normal para este período do ano e nunca teve riscos de seca”. Para a entidade, “antes de serem levados ao ato de destruição, os representantes do movimento deveriam avaliar de forma objetiva qual o verdadeiro uso das águas para a Irrigação.”
A Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio) repudiaram os “atos de vandalismo”.
Destruição de maquinários causou perdas de R$ 10 milhões