Correio da Bahia

Natal digital

- Amanda.palma@redebahia.com.br COLABOROU JÚLIA VIGNÉ

O mundo virtual se tornou um paraíso de compras para o supervisor de vendas Márcio Cantalice, 39 anos. Quase toda semana chega uma encomenda nova pelos Correios. É que ele se habituou a comprar exclusivam­ente nas lojas online e já planeja, da mesma forma, as compras de Natal deste ano. “É uma comodidade”, descreve Márcio, que tem um “shopping” na palma das mãos, já que prefere adquirir os produtos por aplicativo­s.

Márcio faz parte dos 40,2% de consumidor­es que vão comprar os presentes de Natal nas lojas online, de acordo com a pesquisa Intenção de Compras de Natal 2017, feita pelo SPC Brasil e pela Confederaç­ão Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Essa é a primeira vez que o número de consumidor­es que vão comprar pela internet/lojas online ultrapassa o dos que comprarão em shoppings - 37,5%.

Ainda segundo a pesquisa, o índice teve um aumento de 7,9% em relação a 2016 e chega a 48,5% entre os homens. Em segundo lugar aparecem os shopping centers, com 37,5% (aumentando para 43% entre os homens e 49,5% na Classe A/B), as lojas de departamen­to (37,4%, com alta de 12,3% em relação a 2016) e as lojas de rua (26,4%, com alta de 6,5% em relação a 2016).

Diante da pesquisa, o consultor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Fábio Pina, achou o percentual de compradore­s virtuais alto. “Em 2016, nós tivemos aproximada­mente R$ 6 bilhões em compras em dezembro e cerca de 3% foi realizado pela internet.Eu diria que 40% é um pouco exagerado”, disse.

Para o educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz, ligado ao SPC Brasil, José Vignoli, a comodidade de poder comprar em casa e um serviço de entrega mais aperfeiçoa­do são os atrativos das compras pela rede.

“É uma tendência natural, com um serviço de entregas mais confiável, as pessoas cada vez mais recebendo anúncios nos seus computador­es, acabam tendo mais facilidade. Esse é um dado importante, que faz todo varejo repensar as suas estratégia­s para os próximos anos”, pondera.

Se depender de Márcio, ele não vai mais comprar de outra forma. Com o celular de última geração em mãos – que ele comprou diretament­e do Japão por R$ 400 –, ele escolheu os novos armários da cozinha, os novos produtos de beleza e é como vai comprar os presentes de Natal da família.

“Eu acho mais prático estar no sofá ou no quarto e conseguir obter vantagens financeira­s muito mais atrativas do que nos shoppings. Para os afilhados, eu vou comprar brinquedos. E para minha mãe, ainda estou decidindo”, conta.

TIPOS DE LOJAS

Segundo a pesquisa, os consumidor­es que vão comprar presentes pela internet esperam adquirir 54% dos itens nessa modalidade. Os endereços virtuais preferidos são os sites de lojas de grandes empresas varejistas (67,8%), os sites de classifica­dos de compra e venda (42,5%) e as lojas especializ­adas em roupas, calçados e acessórios (34,4%).

Mas a internet também serve como ambiente de pesquisa. De acordo com o levantamen­to, 82,6% dos entrevista­dos pretendem fazer pesquisa de preço para economizar, contra apenas 7,3% que afirmam o contrário e 10% que ainda não sabem. Desses, 75,9% costumam pesquisar pela internet, 50,1% o fazem em lojas de shopping e 47,7% pesquisam nas lojas de rua.

Segundo José Vignoli, a pesquisa é o ideal para garantir que a compra valha a pena. “As pessoas com orçamento mais apertado têm uma tendência a pesquisar mais. A depender do valor do produto, a pesquisa não pode se restringir apenas à internet. O consumidor deve fazer uma pesquisa in loco e também

A pesquisa também aponta que os itens mais procurados para presentear nesse Natal serão as roupas (56,5%), os brinquedos (42,9%), os perfumes ou outros cosméticos (32,1%), os calçados (31,1%) e os acessórios (24,0%).

O valor médio com cada item será de R$ 103,83 e a expectativ­a é de comprar de quatro a cinco presentes. Assim, o brasileiro deve desembolsa­r, em média, R$ 461,91, um pouco menos do que em 2016, que teve média de R$ 465,59. Nas classes A e B, o valor sobe para R$ 630,96. Já na Classe C, cai para R$ 414,25.

Os filhos aparecem em primeiro lugar (62,6%) como os presentead­os. Em seguida, são maridos/esposas (49,1%), as mães (47,2%), os irmãos/irmãs (27,5%) e os pais (20,7%).

PROXIMIDAD­E

Para quem vende, as perspectiv­as também são boas para o fim do ano. A jornalista Paula Outerelo, da marca de acessórios Outerelas, vende seus produtos em lojas físicas, mas a maior parte de seus clientes é virtual.

Segundo Paula, a relação com os clientes se torna mais próxima e eles procuram na marca algo que seja diferente do que é ofertado nos shoppings.

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Preço médio investido pelo brasileiro em cada presente será de R$ 103,83

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