Bendine já cobrava propina antes mesmo de presidir a Petrobras
DEPOIMENTO O empresário Marcelo Odebrecht disse ontem em depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que foi vítima de “achaque” do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. Marcelo havia afirmado, em delação, ter repassado R$ 3 milhões a Bendine. Na audiência de ontem, em ação penal na qual é acusado de corrupção ativa, confirmou o pagamento.
Bendine é réu acusado de cobrar R$ 17 milhões em propina da Odebrecht em 2014, quando ainda era presidente do BB. Marcelo confirmou o pedido. Segundo a investigação, Bendine acabou recebendo R$ 3 milhões, em três parcelas, entre junho e julho de 2015, quando já ocupava o comando da Petrobras. Em troca, teria atuado em favor da empreiteira. Bendine está preso desde julho.
A Moro, Marcelo afirmou que as primeiras solicitações de propina de Bendine ocorreram por meio do “operador” André Gustavo Vieira da Silva. “O André procurou o Fernando (Reis, ex-executivo da Odebrecht) e disse: ‘O presidente do Banco do Brasil tá pedindo 1% dessa reestruturação’”, afirmou. À época, a Odebrecht tinha pendência com o BB relativa a uma dívida da empreiteira.
Segundo ele, no entanto, quando Bendine assumiu a Petrobras, “a coisa mudou de figura”. “Porque ele tinha uma posição que de fato poderia atrapalhar a gente. Tínhamos vários temas críticos na Petrobras no momento e eu procurei me cercar de evidências irrefutáveis para ter certeza de que havia esse pedido, esse achaque”, contou.