Semelhanças assustam
Há pouco mais de 16 anos, o risco de cortes programados no fornecimento de energia no país fez o brasileiro abrir os olhos para a crise energética enfrentada na época. O Brasil vivia a ‘Crise do Apagão’, que assombrou consumidores de energia de todos os portes e custou R$ 45 bilhões de reais, de acordo com cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU). No final das contas, o "apagão" ficou só no nome do período histórico e o que se vivenciou na verdade foi um pesado racionamento. Todo brasileiro precisou reduzir o consumo de eletricidade em 20%, entre 1 de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002. O modelo, baseado numa pesada cobrança pelo consumo que excedesse os limites estabelecidos evitou prejuízos ainda maiores, acredita um dos idealizadores do modelo, o especialista no setor elétrico, James Correia, que foi secretário de Desenvolvimento da Bahia. “Quanto mais a decisão demorasse, maior seria o percentual de economia necessário”, lembra ele, que apresentou, junto com David Zylbersztajn, o modelo de racionamento.
GRANDE RISCO
Para James Correia, o governo está sujeitando o Brasil a um risco enorme ao não encarar a questão com mais sentido de urgência. “Do ponto de vista hidrológico, o cenário atual é muito pior que o verificado lá atrás”, avisa. Em 2001, os reservatórios das hidrelétricas brasileiras estavam acima dos 20% de capacidade. No início deste mês, o Sudeste, que concentra maior parte das reservas, tinha 17,76%. No Nordeste, as barragens estavam com menos de 6%.