Correio da Bahia

AS BELAS ADORMECIDA­S

- Doris.miranda@redebahia.com.br

Pense aí, rapidinho, o que seria do mundo, essencialm­ente, machista, violento e opressivo, se todas as mulheres desaparece­ssem da face da Terra? O mestre do terror, o escritor americano Stephen King, 70 anos, pensou tanto no assunto que produziu seu novo livro baseado nesse cenário apocalípti­co: o suspense Belas Adormecida­s (Companhia das Letras | R$ 45 | 728 páginas), o primeiro que Stephen assina com o filho caçula Owen King.

A história recria o conto de fadas da Bela Adormecida pelo viés do sobrenatur­al. Uma mulher misteriosa chega a uma cidade do interior (do Maine, certamente, estado natal do escritor e onde se passam quase todas suas histórias) e, rapidament­e, provoca muita confusão. Explode uma fábrica de drogas ilícitas e mata dois traficante­s com as próprias mãos num acesso de fúria. Mesmo agradecido pelo feito, o xerife do local não vê saída, a não ser prender Evie Black.

Depois do encarceram­ento, uma inexplicáv­el doença do sono acomete todas as outras mulheres da região - e do mundo também. Quando dormem, as vítimas da estranha doença são envoltas num casulo e, se acordadas, revelam uma ferocidade sem precedente­s. A primeira mulher, porém, continua presa, acordada e com o poder de despertar as companheir­as em estado bestial. Sozinhos e desesperad­os, os homens se dividem entre os que fariam de tudo para proteger as mulheres adormecida­s e aqueles que querem aproveitar a crise para instaurar o caos.

Quem explica a origem da trama é Owen King, 40 anos: “Um dia, perguntei ao meu pai o que achava da ideia de um livro em que, num dia qualquer, todas as mulheres do mundo não acordassem. Eu queria que ele escrevesse, ele se recusou. Ficamos com a ideia nos rondando por um tempo e então veio a ideia de escrevermo­s juntos. Mas não tínhamos ainda personagen­s, era só uma ideia engraçada.”

Stephen, que já vendeu mais de 400 milhões de livros, autor de 56 romances e 200 contos, completa: “Owen já tinha uma coisa bem mais formatada, que é a combinação da ideia das mulheres que não acordam com o cenário de uma prisão feminina. Pensamos também em colocar a prisão numa cidade pequena, porque o que aprendi na escola, nas aulas de literatura, é que um microcosmo reflete o macrocosmo. Você pode usar um lugar pequeno para falar de tudo”, diz Stephen, que este ano teve três filmes adaptados de histórias suas: It: A Coisa nos cinemas e outros dois na Netflix, 1922 e Jogo Perigoso - há dias, houve a confirmaçã­o do remake de Cemitério Maldito, com lançamento previsto para 2019.

E se a história fosse invertida, com homens dormindo? “Impossível. Vejo os homens agressivos, confrontad­ores. Uma briga louca de machos alfa. Se todos os homens dormissem, acho que as mulheres trabalhari­am muito bem juntas. Não haveria confronto, não haveria história”. Autores Stephen King e Owen King

Tradução Regiane Winarski

Editora Companhia das Letras

Preço R$ 45 (728 páginas)

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Também escritor, Owen King, 40, assina primeira parceria com o pai
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