Ministro afirma que PSDB não integra mais a base aliada de Temer
DESEMBARQUE O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu, ontem, um “projeto único de poder” dos partidos aliados para a eleição presidencial de 2018 e antecipou a saída do PSDB da equipe, ao afirmar que o partido não faz mais parte da base de apoio do governo. Padilha disse que o presidente Michel Temer não tem “pretensão” de disputar um segundo mandato e está à procura de um candidato para defender o seu legado. Um dia depois de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, pregar o desembarque dos tucanos, o ministro adotou tom mais contundente. “O PSDB não está mais na base de sustentação do governo”, disse Padilha. “O partido tem os seus interesses políticos, que está procurando preservar. Nós vamos fazer de tudo para manter um caminhar conjunto, com um projeto único de poder para 2018. Mas o PSDB já disse que vai sair da base no dia 9”, argumentou ele, em uma referência à data da convenção do partido.
Ao ser questionado se não haveria constrangimento com a presença de três ministros do PSDB na Esplanada, Padilha disse que Temer pode manter auxiliares tucanos em sua “cota pessoal”. Mais tarde, à saída de um almoço da Frente Parlamentar de Comércio, Serviços e Empreendedorismo, o presidente fez sinal de negativo quando repórteres lhe perguntaram se o PSDB estava fora do governo. Alckmin deverá assumir o comando do PSDB na convenção marcada para 9 de dezembro, na tentativa de unificar o partido. Suas primeiras declarações, no entanto, causaram extremo desconforto no Planalto. O governador disse que, se dependesse dele, o partido nem teria entrado na equipe de Temer. Endossando a posição de Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse, ontem, durante entrevista, que “já passou da hora do PSDB cair fora do governo”. Para o ex-presidente, o principal motivo do desembarque dos tucanos é que “o partido precisa encontrar uma identidade própria” para as eleições do ano que vem. FHC disse ainda que a saída do governo não significa não apoiar as reformas.