Antes de matar PM, bandido viu saque
Antes de ser baleado e morto no estacionamento do Shopping Paralela, em Salvador, em setembro deste ano, o subtenente da Polícia Militar da Bahia Fabiano Fortuna e Silva, 40 anos, sacou R$ 4 mil numa agência do Banco do Brasil do Centro Administrativo da Bahia (CAB), comumente utilizada por servidores públicos. O saque, presenciado pelos bandidos que o mataram logo em seguida, foi o estopim para que o subtenente fosse escolhido como vítima.
Carlos Eduardo Santos de Araújo, o Dudu, 37, e Marcelo Moura Fernandes, 34, confessaram participação no latrocínio que vitimou o subtenente. A dupla, presa desde outubro, foi apresentada ontem, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.
À polícia, eles contaram que escolheram a vítima sem saber, porém, que Forturna era PM. Os presos disseram, em interrogatório, que acompanhavam o subtenente, que havia feito um saque de R$ 4 mil minutos antes.
Eduardo foi localizado no IAPI, no dia 23 de outubro, por policiais da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV). Ele estava a bordo de um Gol, de cor branca, placa PKM 2057, utilizado em assaltos.
Já Marcelo foi preso no dia 30 de outubro, no Vale dos Barris, por equipes do DHPP, e confessou, segundo a Polícia Civil, a participação na morte do subtenente Fortuna. Ele era procurado pela polícia por roubo e também por tentativa de latrocínio.
Outros dois envolvidos ainda estão sendo procurados pela polícia e, por isso, segundo o delegado Odair Carneiro, coordenador da força-tarefa que investiga a morte de policiais, Carlos Eduardo e Marcelo não foram apresentados anteriormente.
Michel da Silva Nascimento, que segundo a polícia foi o autor do disparo que matou Fortuna, e Luis Eduardo Santos Ribeiro, o Chapão, que conduzia o veículo usado na ação, são considerados foragidos. A informação da polícia é de que ambos são do bairro de Pau da Lima.
QUADRILHA
Na apresentação, Marcelo e Carlos Eduardo permaneceram calados. Eles e os dois foragidos, de acordo com Odair Carneiro, compõem uma quadrilha especializada em saidinhas bancárias.
“Carlos Eduardo é o chefe deles. É ele quem articula e agencia os demais. Continuaremos na cola até chegar aos outros foragidos e, assim, dar uma resposta à família de Fortuna e à sociedade”, declarou Odair. Todos já tiveram as prisões preventivas decretadas pela justiça.
Segundo Odair, imagens de câmeras da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) instaladas no CAB e na Paralela auxiliaram as investigações para identificar os suspeitos.
SAIDINHA
Conforme o delegado, o subtenente Fortuna havia sacado o dinheiro na agência do Banco do Brasil por volta de 15h do dia 28 de setembro. Marcelo já estava na agência em busca de uma vítima. No estacionamento do banco, Michel e Carlos Eduardo aguardavam o comparsa, em um Corsa branco, de propriedade de Carlos.
De lá, eles seguiram Fortuna até o shopping, onde a vítima pretendia fazer um depósito. No meio do caminho, Michel foi para a garupa da moto pilotada por Chapão.
Já no estacionamento do shopping, eles anunciaram o assalto, segundo Odair Carneiro, sem saber que a vítima se tratava de um policial.
“Foi uma surpresa para eles. Pela reação de Fortuna, perceberam que era um policial. Michel, então, atirou”, explicou Odair, sem precisar se o policial reagiu à abordagem.
Colega de trabalho de Fabiano Fortuna, o capitão da Polícia Militar André Prado afirmou que, ao ser identificado, um policial corre grande risco de ser morto: “Se desconfiarem que é PM, matam mesmo”, disse ao CORREIO na época do crime.
Os bandidos não conseguiram roubar a quantia em dinheiro sacada pelo PM e fugiram levando a arma do subtenente - que ainda não foi localizada pela polícia. Após matar o policial, Michel retornou para o carro de Carlos Eduardo, junto com Marcelo. Chapão seguiu sozinho na moto.
Marcelo e Carlos Eduardo seguem direto para o presídio, onde vão responder por roubo, latrocínio e formação de quadrilha. Os dois tinham passagem pela polícia: Marcelo tinha mandados de prisão em aberto por roubo e latrocínio. Eduardo tinha duas passagens por roubo.
Subtenente tirou R$ 4 mil em banco e foi seguido até o shopping