Iphan critica intervenções
Em muitos cômodos do conjunto, a estrutura original foi modificada. No refeitório um dos cômodos mais comprometidos -, o assoalho e os pilares de madeira foram trocados por concreto. As novas colunas, no entanto, não têm estrutura para sustentar o peso extra da nova laje, como explicou o engenheiro civil do Iphan, Luis Cláudio Vargas, durante a vistoria realizada ontem.
“Foram feitas mutilações em um bem tombado. A parte do convento onde a estrutura de madeira foi suprimida e foi criada uma estrutura independente de concreto armado, com laje pré-moldada, gerou a degradação que, hoje, tá com risco evidente de colapso. Não se deve promover obras sem um responsável técnico, seja engenheiro ou arquiteto, para que isso não gere danos irreversíveis”, afirmou o engenheiro.
Luis Carlos ressalta que as modificações feitas em bens tombados devem ser comunicadas e orientadas pelo Iphan. “Acham que temos a obrigação de restaurar e consertar, mas o que o Iphan tem, definido por lei federal, é o poder de fiscalizar. A obrigação de manutenção é do proprietário do imóvel.”
De acordo com a Arquidiocese de Camaçari, o convento e a igreja são de propriedade da congregação da Ordem dos Frades Menores. Frei Elias, representante da congregação, conta que poucas ações efetivas foram tomadas pelo instituto federal em resposta às solicitações dos franciscanos.
“Sempre entrávamos em contato com o Iphan, mas toda vez que queríamos fazer uma melhoria era um processo demorado. As obras foram feitas para que o convento não caísse, como está caindo agora”, diz o frei, que começou sua vida religiosa no convento, em 2009.
Durante a vistoria, Bernadete Primo, membro da comissão, conta que as visitas do Iphan só começaram a acontecer recentemente. “A gente nunca recebia ninguém!”, reclamou ela. A coordenadora técnica do Iphan, Flor de Lis, explica que uma nova resolução do órgão estabelece que visitas anuais devem ser feitas em todos os bens tombados.
Foram feitas mutilações em um bem tombado. Isso gerou a degradação que, hoje, tá com risco evidente de colapso
Luis Cláudio Vargas