Caso da doença na América é o maior em décadas
De acordo com Ceuci Alves, médica infectologista e diretora do hospital Couto Maia, nenhum outro paciente do hospital é suspeito de ter a doença. A médica informa que os sintomas iniciais da febre amarela são febre e dores no corpo. “A procedência do paciente é fundamental para a suspeita clínica. Caso seja proveniente de uma área com circulação da febre amarela, a suspeita deve ser feita”.
Os pacientes que apresentarem os sintomas e tiverem transitado por área com registro da doença devem “solicitar os exames de acordo com o tempo de doença, isolamento viral ou sorologia e avaliar a gravidade e a necessidade ou não de internação hospitalar”, recomenda a infectologista.
Segundo a médica, quem já tomou a vacina em algum momento da vida é considerado imune à doença. “A maioria dos casos é assintomática ou leve, pode confundir com outras viroses como dengue e as formas graves ocorrem num percentual de 20%. A forma maligna é a mais grave e é letal em cerca de 80% dos casos”, afirma Ceuci Alves. Em alerta internacional sobre a febre amarela, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), destaca que o número de casos em humanos e em animais registrados na região no último ano é o maior em décadas de vigilância sobre a doença.
Apesar de citar que sete países registraram casos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru e Suriname), o boletim divulgado destaca a situação brasileira - “o único país a reportar novos casos em janeiro deste ano”.
Segundo a entidade, só o Brasil teve 777 casos confirmados, 261 mortes e 1.659 casos em animais entre o segundo semestre de 2016 e junho de 2017. Os dados atuais destoam pelo alto número. No primeiro boletim disponível on-line (2003), a Opas registrava nove casos na Colômbia. Um outro, de 2009, registrava 26 casos brasileiros confirmados, com 13 mortes. A alta observada, destacou a Opas, se deve tanto a uma população que não foi imunizada quanto às condições climáticas favoráveis à disseminação.
Segundo a Opas, entre junho de 2017 até janeiro de 2018, 2.296 casos em animais foram registrados, dos quais 358 foram confirmados, 790 não tiveram coleta e, por isso, foram registrados como indeterminados, e 461 foram descartados.