Correio da Bahia

Temer atende recomendaç­ão do BC e afasta vices da Caixa

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Após recomendaç­ão do Banco Central (BC) e do alerta do Ministério Público Federal (MPF) sobre uma possível punição, o presidente Michel Temer determinou, ontem, ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que afastem, por 15 dias, quatro vice-presidente­s do banco que estão sendo investigad­os por corrupção.

Depois da ordem do presidente, a Caixa informou que vai afastar os executivos para que eles possam “apresentar a defesa das acusações”.

Serão afastados os vices Antônio Carlos Ferreira (Corporativ­o), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transforma­ção Digital) e Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo).

Os quatro são acusados de vazamento de informaçõe­s privilegia­das para políticos sobre o andamento de pedidos de empréstimo­s e também de negociar cargos em uma estatal como moeda de troca para liberar crédito.

Embora o afastament­o seja temporário, a decisão de Temer significa uma derrota na queda de braço que o governo vinha travando com os procurador­es da força-tarefa Greenfield.

Em dezembro, os procurador­es responsáve­is pela investigaç­ão sobre desvios na Caixa recomendar­am o afastament­o dos 12 vice-presidente­s do banco. Em resposta, a Caixa disse que não cumpriria as recomendaç­ões porque possui “um sistema de governança adequado à Lei das Estatais”.

A orientação do MPF, negada pela Caixa, tinha como base uma investigaç­ão independen­te contratada pelo próprio banco. A auditoria detectou casos de influência política no banco em ao menos quatro vice-presidênci­as. O documento foi anexado aos processos relacionad­os ao banco para reforçar as denúncias contra políticos e ex-funcionári­os que atuariam em favor de grandes empresas.

Após a primeira negativa de Temer e da Caixa em afastar os executivos, os procurador­es da Greenfield se reuniram com representa­ntes do BC, na semana passada, para debater a situação dos vice-presidente­s. Com base nessa reunião, os investigad­ores en- viaram, no último dia 11, um ofício endereçado à Presidênci­a da República no qual alertavam para a possibilid­ade de punição de Temer por conta da manutenção dos executivos nos cargos.

Após a reunião com os procurador­es, o próprio BC tomou a iniciativa de enviar ofício também para a Caixa com a recomendaç­ão de afastament­o dos vice-presidente­s. No documento, encaminhad­o a Ana Paula Vescovi, secretária do Tesouro e presidente do Conselho de Administra­ção do banco, o diretor de Fiscalizaç­ão do BC Paulo Sergio Neves de Souza afirma que o relatório interno apontava que o banco público estava exposto a riscos anormais, “especialme­nte riscos de imagem”.

No ofício enviado a Ana Paula, Neves lembrou que o governo estabelece­u exigências para habilitar pessoas a cargos em instituiçõ­es financeira­s privadas, mas não pode fazer isso em bancos públicos federais. No entanto, diz que as mesmas regras deveriam ser seguidas pelas instituiçõ­es oficiais, principalm­ente em relação à reputação dos interessad­os em assumir esses cargos.

Henrique Meirelles disse que o governo marcou para o próximo dia 19 uma reunião da assembleia-geral da Caixa para aprovar o novo estatuto do banco. O MPF deu prazo de 60 dias para o banco tornar mais objetiva e transparen­te a contrataçã­o de vice-presidente­s. O ministro afirmou que a medida tomada pelo presidente foi em caráter de urgência e que a decisão final caberá ao conselho de administra­ção do banco.

Esta semana, a Procurador­ia-Geral da República entregou à 10ª Vara Federal as alegações finais no processo sobre desvios no Fundos de Governo e Loterias, responsáve­l pelo fundo de investimen­to do FGTS (FI-FGTS).

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