Correio da Bahia

Verão requer cuidado especial com os olhos

- COLABOROU NILSON MARINHO

exemplo) e infecções por vírus, bactérias ou fungos.

Conforme a SOB, a maioria das formas de conjuntivi­te não é contagiosa e são adquiridas por causas diversas, como uso inadequado de produtos de estética na face, protetores solares, exposição a alérgenos e falta de higiene (mão suja nos olhos).

Das causas infecciosa­s, as bacteriana­s e fungos são causadas pela contaminaç­ão direta. Nessas duas condições, o próprio organismo consegue, na maioria das vezes, conter a doença, dependendo da condição de imunidade ou da intensidad­e de contaminaç­ão.

Mas as mais frequentes e epidêmicas são as virais, altamente contagiosa­s e de transmissã­o pelo contato. Já a bacteriana é causada pelo patógeno Staphyloco­ccus e, em estágio normal, atinge a conjuntiva. Mas, se não for tratada adequadame­nte, se espalha para a córnea e se transforma em uma ceratoconj­untivite ou até em uma úlcera de córnea.

A Bahia não costuma registrar surtos de conjuntivi­te, doença cujos casos não são de obrigação serem notificado­s quando chegam aos hospitais. Por ser uma doença de baixa letalidade e rápida solução, não é uma preocupaçã­o para o sistema público de saúde. Queridinho dos soteropoli­tanos, o Verão é a estação na qual, além de sol e calor, aumenta também a incidência de conjuntivi­te. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que diagnostic­ou, em 2017, 1.369 casos da doença. De acordo com a gerente do Centro de Informaçõe­s Estratégic­as de Vigilância em Saúde (Cievs), Cristiane Cardoso, esse número pode ser ainda maior.

“Como não é uma doença de registro específico obrigatóri­o, nós fazemos o acompanham­ento em apenas quatro Unidades de Pronto Atendiment­o (UPAs) da cidade. Os 1.369 casos são referentes a essas unidades, então, pode ser que tenha sido ainda maior”, afirmou Cristiane. Ainda não há um levantamen­to sobre este ano.

Conforme a gerente do Cievs, os riscos são maiores no Verão em função das condições climáticas e dos hábitos da estação. “É quando a gente transpira mais, tem mais acesso a praias, piscinas. Quando, naturalmen­te, ficamos mais expostos, e precisamos ter mais atenção”, explicou.

A Sociedade Brasileira de Oftalmolog­ia (SBO) recomenda que, até o fim da estação, as pessoas tenham atenção redobrada nos cuidados com os olhos. Presidente da entidade, Armando Crema destaca que, no período mais quente, “os raios UV (ultraviole­ta) chegam com mais intensidad­e, podendo provocar problemas oculares, como pterígio e ceratite”.

Crema recomenda evitar ambientes fechados e aglomeraçõ­es. Em caso de alguém na família com sintomas de conjuntivi­te, deve-se separar a roupa de cama e banho, lavando-a separadame­nte, e procurar o oftalmolog­ista aos primeiros sintomas.

Para evitar problemas com os olhos, é importante também o uso de bonés e chapéus, óculos de sol de qualidade, com as proteções UVA e UVB. Uma lente escura de má qualidade pode compromete­r a visão, piorando os efeitos dos raios ultraviole­ta. Em muitos dos casos, não é possível saber se os óculos escuros possuem os filtros necessário­s, por isso Crema recomenda, em caso de dúvida, que se solicite à ótica a medição dos filtros.

As manifestaç­ões como olhos vermelhos, com sensação de areia e fotofobia (desconfort­o com luminosida­de) indicam quadros como ceratite de exposição, decorrente­s de exposição prolongada às radiações solares.

O ideal é evitar a exposição em excesso ao sol. Crianças só devem se expor ao sol até as 10h ou depois das 17h, sempre com óculos, chapéus e filtros solares.

Conforme a SBO, as doenças oculares de Verão não causam morte, com exceção aos casos de tumores malignos, que são raros. No entanto, podem provocar problemas oculares sérios e até cegueira.

O governador Rui Costa foi diagnostic­ado com a doença no último dia 11. A assessoria do político informou ao CORREIO, no dia 15, que ele teve uma pequena inflamação nos olhos mas que já passava bem e retomou a agenda. Em Salvador, a SMS acompanha os registros apenas das UPAs Hélio Machado, em Itapuã; Rodrigo Argolo, no Cabula; Alfredo Boreau (12º Centro de Saúde), na Boca do Rio, e Maria Conceição Imbassahy (16º Centro de Saúde), na Liberdade.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil