Correio da Bahia

‘Há muita mídia’, acredita militar

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Nomeado intervento­r na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto afirmou que a situação da violência no estado não está tão ruim. Ao ser questionad­o ontem no Palácio do Planalto, respondeu haver “muita mídia” sobre o assunto.

Braga Netto pouco falou na entrevista concedida no Palácio do Planalto, ao lado dos ministros do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), Sérgio Etchegoyen, e da Defesa, Raul Jungmann, justifican­do que tinha “acabado de receber a missão”, que ainda “estava em fase de planejamen­to” e por isso não poderia adiantar nada sobre como será desenvolvi­do o trabalho. Questionad­o pelo Estado após a declaração, o general disse que “a situação do Rio é grave, mas não está fora de controle”.

Depois do anúncio oficial da decretação da intervençã­o federal no Rio de Janeiro, assinada pelo presidente da República Michel Temer, uma outra reunião para discutir os próximos passos neste trabalho a ser executado no Estado foi realizada no Gabinete de Segurança Institucio­nal, do general Sérgio Etchegoyen, com a presença

A agência destacou que a intervençã­o no Rio é a primeira do tipo no Brasil desde a redemocrat­ização do país, em 1985, após a ditadura militar do ministro da Defesa, Raul Jungmann, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas e o comandante Militar do Leste, Braga Netto, nomeado intervento­r. Nenhuma medida será anunciada após a reunião por se tratar apenas de organizaçã­o de trabalho.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que causou preocupaçã­o a interpreta­ção de que está sendo realizada no Rio de Janeiro uma intervençã­o militar. “Não é intervençã­o militar. Nunca passou isso pela nossa cabeça. É uma intervençã­o federal, na qual o intervento­r é um general”, declarou o ministro, explicando que, Após o anúncio da intervençã­o federal na Segurança Pública do Rio, as polícias Civil e Militar, além dos Bombeiros, ficarão sob o guarda-chuva do Comando Militar do Leste (CML), liderado pelo general Walter Souza Braga Netto. Caberá a ele, portanto, a tomada de decisões e a realização de medidas para combater o crime organizado no estado. Braga Netto assumiu o CML em setembro de 2016, pouco tempo depois da Olimpíada do Rio, ocasião em quando começaram as discussões, se pensou, inicialmen­te, em nomear um intervento­r civil e dois ou três subinterve­ntores militares nas polícias Militar e Civil e setor de carceragem.

Mas, depois das inúmeras conversas, justificou, entenderam que “não seria funcional” tantas pessoas com estas coordenaçõ­es e optou-se por nomear o general Braga Netto, que já está no Rio de Janeiro e conhece a realidade da cidade, para ser o administra­dor desta intervençã­o.

“Não tenho dúvidas de que a medida terá amplo apoio da população”, afirmou Jungmann. Segundo que atuou como coordenado­r geral da Assessoria Especial para os Jogos Olímpicos e Paralímpic­os. À época de sua posse, sua atuação foi elogiada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Braga Netto, segundo informaçõe­s publicadas no Portal do Ministério da Defesa, possui 23 condecoraç­ões nacionais e quatro estrangeir­as.

Além da atuação no Rio de Janeiro, o general integrou a ele, “todos queriam isso e as pessoas, no Rio, estavam se sentindo reféns”. Ele lembrou que a situação do Rio veio se agravando e deterioran­do e acabou-se tendo que optar por esse caminho.

O comandante do Exército, general Villas Bôas, também rejeitou a afirmação que ouviu de que o governo decretou uma intervençã­o militar . “Não é intervençã­o militar. É intervençã­o federal. Não é o Exército que está assumindo o controle do Rio”, afirmou o general à reportagem, ao acrescenta­r que “o momento é de crise e em momentos de crise é preciso que haja convergênc­ia de todos”. ação que envolveu as Forças Armadas na crise da segurança no Espírito Santo, em fevereiro de 2017. Na ocasião, foi realizado um reforço na segurança em municípios do estado devido ao aumento da violência, batizada de Operação Capixaba. O emprego das Forças Armadas naquela época foi uma resposta à paralisaçã­o da PM no estado.

Em 28 de agosto, ao ministrar palestra no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no Centro do Rio, Braga Netto traçou um panorama do emprego das tropas nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e citou os exemplos da atuação no Rio e no Espírito Santo. O general ressaltou que vê “com reservas” esse uso das tropas, mas destacou que as Forças estão prontas para cumprir o dever em casos de emergência. O decreto já está valendo? Ainda não. O decreto foi assinado em cerimônia no Planalto ontem à tarde e passa a vigorar quando for publicado no Diário Oficial da União. A partir daí segue em vigor até 31 de dezembro deste ano.

Quem será o intervento­r e quais vão ser as atribuiçõe­s dele?

O general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste, passará a exercer todas as funções da área de segurança. Ele comanda agora as polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e a secretaria que administra os presídios do RJ. Ele responderá diretament­e ao presidente da República e terá poder para alterar toda a estrutura do sistema de segurança pública do Rio.

Como será a intervençã­o na segurança do Rio?

O general Braga Netto ainda vai discutir com a cúpula das Forças Armadas quais serão as ações. O Exército não deverá exercer o papel de polícia e poderá dar ordem de prisão apenas em situações de flagrante de crimes.

Quais os próximos passos?

A Câmara e o Senado vão decidir, separadame­nte, se aprovam ou rejeitam o decreto em votações por maioria simples. Na Câmara, a análise deve ser feita na segunda, ou terça-feira, da semana que vem. No dia seguinte, o Senado analisa o decreto.

Essa é uma intervençã­o militar?

Não. Embora o processo vá ser comandado por um militar, a ação está sendo autorizada pelo presidente da República, que é uma autoridade civil, conforme prevê a Constituiç­ão.

É a 1ª vez que ocorre uma intervençã­o como essa?

É a primeira desde a promulgaçã­o da Constituiç­ão de 1988. Até então, a GLO (Garantia da Lei e Ordem) tinha sido o dispositiv­o usado em crises de segurança de estados como Espírito Santo e Rio Grande do Norte. A GLO é mais uma “parceria” e é menos invasiva na autonomia política e administra­tiva da região onde a medida é aplicada.

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O ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o intervento­r do Rio, general Braga Netto, em entrevista coletiva

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