Área de piscina exige cuidados
aula, a equipe sentiu falta do menino, que já tinha sido aluno de lá em 2017. Victor foi levado ainda com vida até a UPA do Hospital Geral Roberto Santos, mas morreu às 11h10. Para a Polícia Civil, houve negligência e os responsáveis podem ser indiciados por homicídio culposo - quando não há intenção de matar.
“Não há dúvidas para a polícia de que houve negligência, mas há a possibilidade de ter mais de um responsável. A lei estabelece o dever de cuidado. Houve negligência porque não atentaram à guarda dessa criança, que estava sob responsabilidade desses”, disse a delegada Lúcia Jansen, titular da 11ª Delegacia (Tancredo Neves).
Até agora, seis pessoas já foram ouvidas, entre elas o dono da escola - Domingos Brito Lima Filho -, a professora de Victor, identificada apenas como Ju, e mais quatro funcionários. Os pais do garoto - Bruna Bispo e André Andrade - ainda serão ouvidos. Eles viajaram para Morro do Chapéu, onde vão sepultar hoje o corpo do filho. Para uma ex-professora da Escola Construir, a morte de Victor foi uma “tragédia anunciada”. Sem querer ser identificada, a professora contou que trabalhou durante oito meses no local e que diversas irregularidades ocorriam no dia a dia da instituição.
Em agosto, um grupo de funcionários enviou um e-mail à direção cobrando providências em relação à piscina, que já não tinha proteção, e sobre o acúmulo de funções - Victor era uma das 11 crianças que ficavam sob a responsabilidade dela. “Ele era mais independente. Sempre queria ficar fora da sala dos bebês e a gente levava ele para a sala dos maiores, que tinha televisão. Ele era uma das crianças mais obedientes. A gente pedia e ele escutava”, disse.
Em nota, a Escola Constuir lamentou a morte do garoto, se disponibilizou para dar à família “todo o suporte necessário neste momento” e disse que vai colaborar com as investigações. A advogada da escola, Vanessa Souza, disse que há um funcionário responsável pela parte externa, mas não se sabe se ele estava presente no momento. A escola está fechada e só poderá reabrir após a conclusão do inquérito policial. A morte do pequeno Victor ligou o sinal de alerta para mães e pais de crianças, que passaram a compartilhar pelo WhatsApp mensagens com os cuidados que se deve tomar com crianças próximo a piscinas. Ao CORREIO, o subcomandante do grupamento marítimo do Corpo de Bombeiros da Bahia, capitão Luciano Alves, explicou que existem cinco passos essenciais para o cuidado da criança próximo dessas áreas.
“São cinco dicas: atenção, guarda-vida, urgência, acesso e sucção. As iniciais das palavras formam a palavra águas. Se essas cinco dicas forem utilizadas de forma correta, há grande probabilidade de não ocorrer afogamento no local. É preciso todo um cuidado especial porque afogamento é a segunda maior causa de morte de crianças entre 1 e 9 anos. A maior parte ocorre em rios, lagos, lagoas e piscinas.”, disse.
Para ele, é necessária atenção constante e, nestes locais, a criança não deve sair do alcance máximo de um braço. Em piscinas coletivas, é recomendada a presença de um guarda-vidas. Quem mora ou trabalha em locais com piscina precisa saber dar os primeiros socorros e a reanimação deve começar no local. O acesso à piscina precisa ser extremamente controlado e, por fim, é recomendado evitar usar piscinas com as bombas de sucção ligadas, que prodem prender cabelos e afogar as crianças.