Correio da Bahia

Incêndios em boate

- RAQUEL SARAIVA COM SUPERVISÃO DA EDITORA LUCY BARRETO

Cheiro de queimado, equipament­os elétricos derretidos, cadeiras e chão cobertos de fuligem e paredes destruídas compõem o cenário que restou após dois incêndios seguidos em um local que funciona há menos de um ano. Assim terminou o final de semana na Pirâmide do Rio Vermelho, na Rua Conselheir­o Pedro Luís.

O prejuízo é calculado em R$ 200 mil, mas o acidente poderia ter sido pior. Isso porque as duas boates que funcionam no local - XYZ e Zero - juntas têm capacidade para 1.500 pessoas, mas estavam fechadas desde o Carnaval e só reabririam no final de semana. Ninguém ficou ferido no incêndio.

Segundo Pedro Sarkis, sócio da XYZ, os locais contavam com isolamento acústico antichamas e sistema de segurança anti-incêndio adequados, como splinkers no teto e portas corta-fogo. “Fui o primeiro a entrar no local, junto com os bombeiros, que chegaram 10 minutos após a primeira chamada”, ele conta.

Daniel Requião, sócio da Zero e da XYZ, disse que ainda não conseguiu avaliar todas as perdas. “Pelo que vi até agora, o prejuízo é em torno de R$ 200 mil”. O valor exato deve ser calculado após o resultado da perícia no local. As duas casas, que abriram em junho do ano passado, não tinham seguro

contratado atualmente.

Moradores que vivem próximos ao local teriam ligado para o Corpo de Bombeiros às 2h40 da manhã, segundo a assessoria. “O fogo estava em um ponto da Zero. Depois de controlar a situação, os bombeiros foram embora e eu ainda fiquei no local, para ver como estava o restante da boate, e parecia tudo sob controle”, lembra Pedro.

Outro chamado foi feito no início da manhã. Por volta das 5h, os bombeiros retornaram ao local. Segundo a assessoria, os incêndios não tinham ligação e acontecera­m em locais afastados.

De acordo com a assessoria do Corpo de Bombeiros, a causa dos incêndios só poderá ser revelada após avaliação da perícia técnica, que deverá ser divulgada em até 10 dias. A guarnição não informou quais são as exigências de segurança contra incêndio exigidas para um local com capacidade para 700 (Zero) ou 800 (XYZ) pessoas.

Segundo Pedro, algumas festas que já estavam agendadas devem ser relocadas para o Portela Café, também no Rio Vermelho. A parceria ainda está sendo acordada. As alterações serão divulgadas ainda esta semana nas redes sociais das boates.

“A XYZ não deve demorar

Pedro Sarkis de reabrir porque só parte do telhado foi danificado, mas a Zero vai demorar mais. Ainda temos que aguardar a perícia para poder mexer no local”, afirma Daniel. O outro sócio, Pedro, destacou que as medidas de segurança sempre foram uma preocupaçã­o dos sócios. “Nós trabalhamo­s com som, que gera vibração, então queremos ter segurança para fazer o que for necessário na estrutura antes da reabertura”.

A lei que estabelece normas de segurança para o funcioname­nto de casas de espetáculo­s foi sancionada pelo presidente Michel Temer em 31 de março do ano passado. O texto trata de medidas de prevenção e combate a incêndios e desastres em estabeleci­mentos de reunião de público. A Lei 13.425/2017, conhecida como Lei Kiss, foi sancionada com 12 vetos. Um dos trechos retirados definia que o descumprim­ento das normas seria considerad­o crime, sujeito à pena de prisão e multa. À época, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviven­tes da Tragédia de Santa Maria criticou os vetos à lei. A tragédia na Boate Kiss ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria (RS). O incêndio deixou 242 mortos.

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Dois incêndios, aparenteme­nte sem ligação, ocorreram na mesma madrugada
 ??  ?? O primeiro incêndio ocorreu na cozinha e o segundo no pavimento superior da boate Zero, segundo os bombeiros
O primeiro incêndio ocorreu na cozinha e o segundo no pavimento superior da boate Zero, segundo os bombeiros

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