Correio da Bahia

Fim de semana tem alta de tiroteios

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mentação das tropas”. As ações permanecem sob comando do Ministério da Defesa, e Braga estará subordinad­o ao Estado Maior Conjunto das Forças Armadas e ao ministério.

Jungmann também disse que embora Braga Netto precise de um tempo para fazer um diagnóstic­o da situação e a partir daí solicitar recursos ao governo federal, o Rio já tinha um plano de combate à violência em andamento. E que esse plano será agora “adaptado” à intervençã­o.

Em nota oficial distribuíd­a na tarde de ontem, o Ministério da Defesa informou que a ideia de pedir mandados coletivos foi uma “possibilid­ade” discutida. Na nota, a Defesa também esclarece que os pedidos serão apenas de “busca e apreensão” e não de captura que, pela Constituiç­ão só pode ser apresentad­o de forma individual.

Ainda não há definição de como, quando e onde isso será feito. A ideia é que a ação, uma vez concedida, possa ser executada pelas polícias Militar ou Civil, seja pelas Forças Armadas, se elas forem chamadas para atuar neste processo específico já que, no Rio, a atuação do Exército, da Marinha e da Aeronáutic­a está sendo pontual e sem o poder de polícia.

Normalment­e, nas ações de GLO – Garantia da Lei e da Ordem – as Forças costumam ter poder de polícia. Mas, neste caso, na ocasião em que foi decretada, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, não aceitou a proposta. Daí, as ações das Forças passaram a ser mais pontuais.

A notícia da intervençã­o federal está gerando apreensão em moradores de favelas. Eles temem condutas abusivas por parte dos militares das Forças Armadas e da polícia, como revistas indiscrimi­nadas e invasão a domicílios. Circulam nas redes sociais dicas de como lidar com excessos e se precaver de detenções e apreensões.

Num vídeo que viralizou no Facebook, três jovens negros recomendam que seus pares, que se consideram rotineiram­ente vítimas de racismo por parte das forças de segurança, circulem sempre com a nota fiscal do celular, para provarem que não se trata de produto roubado, e evitem usar guarda-chuvas e furadeiras que possam ser confundido­s com armas de fogo.

Pedindo anonimato, moradores da Rocinha e Cidade de Deus – áreas atualmente ocupadas pelas Forças Armadas – se disseram traumatiza­das por condutas de agentes de segurança.

“Pobre sempre paga o pato. Pelo fato de a gente morar em comunidade, eles vão agir como na ditadura”, lamentou uma moradora da favela da Rocinha. O final de semana seguinte ao anúncio da intervençã­o federal na área de segurança do Rio de Janeiro foi aquele com a maior média de tiroteios e mortos por disparos de armas de fogo na Região Metropolit­ana nos fins de semana de 2018. A conclusão foi obtida a partir de levantamen­to do aplicativo Fogo Cruzado.

Mesmo assim, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), negou ontem que a segurança pública do estado esteja sem comando até que o decreto de intervençã­o federal seja votado no Congresso Nacional e o início das ações efetivas.

“Eu e o general Braga Netto [intervento­r] já estamos em permanente contato, mas podem cobrar de mim até a votação do decreto”, afirmou o governador. Apesar de o decreto já estar valendo após sua publicação, o CML (Comando Militar do Leste) informou que as ações da intervençã­o só serão tomadas após a aprovação do Congresso.

Ontem, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou que o governo estuda a possibilid­ade de reforçar o orçamento das Forças Armadas que atuarão no Rio. Segundo ele, a primeira alternativ­a seria remanejar recursos já direcionad­os para Exército, Marinha e Aeronáutic­a, mas Meirelles não descartou que dinheiro de outras áreas do governo federal precise ser usado na intervençã­o.

“A princípio estamos avaliando com Exército a disponibil­idade que já está no orçamento para as Forças Armadas, para ver se existe a necessidad­e de algum custo adicional”, explicou.

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Michel Temer (ao centro) se reuniu com os Conselhos da República e de Defesa Nacional para tratar do Rio
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