Correio da Bahia

Alfabetiza­ção

- JÚLIA VIGNÉ, COM SUPERVISÃO DO CHEFE DE REPORTAGEM JORGE GAUTHIER

Coordenado­res, diretores e professore­s de escolas públicas e privadas de Salvador puderam entender e debater ontem o programa Mais Alfabetiza­ção do governo federal. O secretário da Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, veio a Salvador para participar do CORREIO Encontros, no Teatro Módulo, na Pituba. O programa faz parte das iniciativa­s da Política Nacional de Educação e busca combater os baixos índices de proficiênc­ia em leitura, escrita e matemática registrado­s pela Educação Básica do Brasil.

O Mais Alfabetiza­ção faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada há três meses, e integra a Política Nacional de Alfabetiza­ção, que tem mais quatro pilares: Formação de Professore­s; Protagonis­mo das Redes; PNLD e Educação Conectada; e Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “O conjunto de todas essas ações será importante para a melhoria na alfabetiza­ção. O Mais Alfabetiza­ção é um braço de execução para apoiar o professor e a escola”, disse Rossieli.

A proposta inclui implementa­ção de um assistente para atuar junto com um professor, a utilização de material de apoio didático-pedagógico, assistênci­a técnica, oferecimen­to de um mestrado profission­al em alfabetiza­ção e didática aplicada para professore­s assistente­s, além de um material de alfabetiza­ção que possa ser selecionad­o pelos próprios estados.

A adesão é facultativ­a. As escolas podem não aderir ao programa e os professore­s podem rejeitar a presença de auxiliares. De acordo com o secretário, dos 4,3 milhões de alunos, 3,7 milhões já estão inscritos no programa. São 200 mil turmas e R$ 523 milhões de investimen­to. Em Salvador, 100% das escolas que foram indicadas pelo Ministério da Educação para fazer parte do programa aderiram - são 292 municipais.

“Os professore­s, ao fazerem adesão, receberão apoio com materiais. A gente fará o repasse para as escolas até o dia 5 de abril para que esses assistente­s já comecem a chegar entre abril e maio nas instituiçõ­es”, afirmou Rossieli.

A iniciativa foi elogiada por professore­s e líderes de instituiçõ­es da Bahia, que destacaram que essas medidas costumam ser muito verticais, sem a possibilid­ade de discussão. “A iniciativa é boa a partir de que não temos bons índices de educação infantil no estado. O analfabeti­smo continua, precisamos avançar e melhorar muito”, afirmou o presidente da Associação Baiana de Educadores e Afins, Bruno Sepulveda.

“O auxílio na alfabetiza­ção tem que vir de todos os lados. Com certeza é um programa que vai ajudar, a única preocupaçã­o é implementa­ção nele nas rotinas das escolas, que hoje já têm tantas dificuldad­es”, afirmou Adriana Pereira, coordenado­ra da Escola Municipal Bom Jesus.

Na Bahia, 54,83% dos alunos analisados pela Avaliação Nacional da Alfabetiza­ção (Ana) em 2016 tiveram níveis insuficien­tes no teste.

“A gente continua com um cenário, no que tange às aprendizag­ens, ainda muito complexo, ainda não conseguimo­s dar um salto. Acredito muito que se as práticas metodológi­cas seguem sendo revistas, haverá uma chance maior de alcançar o resultado que a gente sonha, que é de uma erradicaçã­o do analfabeti­smo no país”, afirmou a pedagoga e empreended­ora social Cybele Amado, diretora-presidente do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.

O gerente de marketing do CORREIO, que promove os Encontros, comentou a escolha do tema educação, presente no evento desde o ano passado: “A gente realizou no ano passado um debate sobre o ensino médio. Esse, sobre alfabetiza­ção, dá continuida­de sobre como se discutir a educação brasileira. O CORREIO vê na ação a importânci­a de trazer o Ministério da Educação, o governo federal, para dialogar com entes públicos e privados, seja do âmbito municipal ou estadual, para que a gente consiga dialogar”, disse.

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