Alfabetização
Coordenadores, diretores e professores de escolas públicas e privadas de Salvador puderam entender e debater ontem o programa Mais Alfabetização do governo federal. O secretário da Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, veio a Salvador para participar do CORREIO Encontros, no Teatro Módulo, na Pituba. O programa faz parte das iniciativas da Política Nacional de Educação e busca combater os baixos índices de proficiência em leitura, escrita e matemática registrados pela Educação Básica do Brasil.
O Mais Alfabetização faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada há três meses, e integra a Política Nacional de Alfabetização, que tem mais quatro pilares: Formação de Professores; Protagonismo das Redes; PNLD e Educação Conectada; e Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “O conjunto de todas essas ações será importante para a melhoria na alfabetização. O Mais Alfabetização é um braço de execução para apoiar o professor e a escola”, disse Rossieli.
A proposta inclui implementação de um assistente para atuar junto com um professor, a utilização de material de apoio didático-pedagógico, assistência técnica, oferecimento de um mestrado profissional em alfabetização e didática aplicada para professores assistentes, além de um material de alfabetização que possa ser selecionado pelos próprios estados.
A adesão é facultativa. As escolas podem não aderir ao programa e os professores podem rejeitar a presença de auxiliares. De acordo com o secretário, dos 4,3 milhões de alunos, 3,7 milhões já estão inscritos no programa. São 200 mil turmas e R$ 523 milhões de investimento. Em Salvador, 100% das escolas que foram indicadas pelo Ministério da Educação para fazer parte do programa aderiram - são 292 municipais.
“Os professores, ao fazerem adesão, receberão apoio com materiais. A gente fará o repasse para as escolas até o dia 5 de abril para que esses assistentes já comecem a chegar entre abril e maio nas instituições”, afirmou Rossieli.
A iniciativa foi elogiada por professores e líderes de instituições da Bahia, que destacaram que essas medidas costumam ser muito verticais, sem a possibilidade de discussão. “A iniciativa é boa a partir de que não temos bons índices de educação infantil no estado. O analfabetismo continua, precisamos avançar e melhorar muito”, afirmou o presidente da Associação Baiana de Educadores e Afins, Bruno Sepulveda.
“O auxílio na alfabetização tem que vir de todos os lados. Com certeza é um programa que vai ajudar, a única preocupação é implementação nele nas rotinas das escolas, que hoje já têm tantas dificuldades”, afirmou Adriana Pereira, coordenadora da Escola Municipal Bom Jesus.
Na Bahia, 54,83% dos alunos analisados pela Avaliação Nacional da Alfabetização (Ana) em 2016 tiveram níveis insuficientes no teste.
“A gente continua com um cenário, no que tange às aprendizagens, ainda muito complexo, ainda não conseguimos dar um salto. Acredito muito que se as práticas metodológicas seguem sendo revistas, haverá uma chance maior de alcançar o resultado que a gente sonha, que é de uma erradicação do analfabetismo no país”, afirmou a pedagoga e empreendedora social Cybele Amado, diretora-presidente do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.
O gerente de marketing do CORREIO, que promove os Encontros, comentou a escolha do tema educação, presente no evento desde o ano passado: “A gente realizou no ano passado um debate sobre o ensino médio. Esse, sobre alfabetização, dá continuidade sobre como se discutir a educação brasileira. O CORREIO vê na ação a importância de trazer o Ministério da Educação, o governo federal, para dialogar com entes públicos e privados, seja do âmbito municipal ou estadual, para que a gente consiga dialogar”, disse.