Correio da Bahia

Lava Jato sob ameaça

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Hoje, a Operação Lava Jato completa quatro anos de trabalho com muitos números para mostrar. Desde 17 de março de 2014, dia que a Polícia Federal cumpriu 81 mandados de busca e apreensão em um posto de gasolina no Distrito Federal, a operação acumula mais de 100 denúncias, 220 condenaçõe­s, 260 conduções coercitiva­s, 168 prisões preventiva­s, 134 delações premiadas e a devolução de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.

Mas, agora, o futuro da Lava Jato está ameaçado na opinião do chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, procurador da República Deltan Dallagnol. Para ele, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode enterrar o combate à corrupção se revisar o entendimen­to que autorizou a execução provisória de condenados em segunda instância da Justiça.

Deltan e outros procurador­es que atuam nas investigaç­ões se reuniram com a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, em Porto Alegre, para divulgar o balanço dos quatro anos de trabalho na operação. Durante coletiva de imprensa, Dallagnol afirmou que o futuro da Lava Jato depende do Supremo. A possibilid­ade de revisão da decisão que autorizou, em 2016, a prisão em segunda instância ocorre diante do recurso protocolad­o no STF pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende suspender sua condenação a 12 anos e um mês de prisão na ação penal do triplex do Guarujá (SP).

“Se o STF reverter o seu entendimen­to quanto a prisão em segunda instância, ele vai enterrar o combate à corrupção e à impunidade no nosso país. Essa é a nossa preocupaçã­o central hoje. Se esse entendimen­to for mantido, a expectativ­a é de que, dentro de um prazo razoável, a maioria dos réus que foram condenados venha a cumprir pena dentro de uma perspec- tiva curta de tempo”, advertiu o procurador. Após a reunião com os investigad­ores, a procurador­a-geral, Raquel Dodge, destacou o trabalho da força-tarefa e ressaltou que lei brasileira está valendo para todos.

“Sabemos todos que a corrupção continua ocorrendo no Brasil em larga monta, apesar do muito que já se avançou no âmbito da Operação Lava Jato. E, por isso, é preciso redobrar o esforço, redobrar o ânimo, redefinir estratégia­s, porque as pessoas que cometeram esses crimes não podem ficar impunes, não podem seguir sem reparar o dano”, disse.

De acordo com balanço divulgado na capital gaúcha, 39 investigaç­ões da Lava Jato tramitam em tribunais superiores, sendo 36 delas no STF, envolvendo 101 investigad­os, e 134 delações premiadas foram assinadas e enviadas à Corte para homologaçã­o. Os processos envolvem a devolução de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.

Já a procurador­a regional da República da 4ª Região, Maria Emilia da Costa Dick, disse esperar que a recente mudança na direção da Polícia Federal aumente o efetivo de agentes e delegados trabalhand­o diretament­e na Lava Jato.

Dick disse ser um fato a redução do efetivo da Polícia Federal que atua diretament­e na Lava Jato. “Com a própria mudança na direção da Polícia Federal é possível que isso se modifique. Nesse momento, a nossa esperança é da retomada dessa atuação mais numerosa”.

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O procurador da República Deltan Dallagnol: preocupaçã­o com possível decisão sobre 2ª instância

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