Correio da Bahia

Motorista de volta ao banco escolar

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O motorista que se prepare. Renovar a Carteira Nacional de Habilitaçã­o (CNH) vai ficar mais complicado. Na hora de fazer a requisição, além da compra do laudo e pagamento do exame médico, o condutor terá de voltar a estudar a legislação de trânsito e fazer prova de múltipla escolha.

É que a nova Resolução nº 726, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), exige que o condutor faça dez horas de aula teórica e seja avaliado. Inicialmen­te, a medida deverá valer a partir de junho, mas existe a possibilid­ade do prazo ser ampliado para a adequação dos departamen­tos estaduais (Detrans).

As aulas podem ser presenciai­s ou a distância, mas o teste será obrigatori­amente presencial. O candidato à renovação terá de acertar 70% das 30 questões do exame. Em caso de falha, há uma chance dele repetir a avaliação. Mas, se o motorista for reprovado mais de uma vez, terá que fazer o curso teórico novamente. Quem ganha a vida como motorista passará por outro curso, de conteúdo mais específico e maior duração.

O Denatran, que determinou a implementa­ção da nova norma, justifica a medida alegando que o curso tem como objetivo “atualizar as informaçõe­s e os conhecimen­tos sobre as legislaçõe­s de trânsito, consideran­do a cir- cunstância das constantes e contínuas alterações”.

Apesar de não haver ainda definições sobre a mudança de preços na tabela dos Detrans, a expectativ­a geral é a de que haja também um aumento nos custos para a renovação

da CNH.

As mudanças foram reprovadas tanto por motoristas quanto por especialis­tas em trânsito ouvidos pela reportagem do CORREIO.

“Acho inaceitáve­l mais uma cobrança. A gente fica rodando na praça o dia todo e, às vezes, a noite também para poder se sustentar. Onde a gente vai arrumar dez horas para ir à autoescola? Fora que com o transporte clandestin­o, hoje a gente não ganha mais o que ganhava antes”, opina a presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Táxi de Salvador (Sinditaxi), Roseli Abreu.

“Isso é um projeto esdrúxulo, só para tirar dinheiro da gente. A gente já paga valores abusivos. Eles deveriam é reduzir as taxas que já existem”, comentou o diretor de comunicaçã­o do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo­s e Condutores de Cooperativ­as da Bahia (SimactterB­A), Tarcisio Borges.

“Vai ficar bem mais complicado e dispendios­o renovar a CNH. Creio que as alterações para renovação da habilitaçã­o poderão, inclusive, inviabiliz­ar muitos condutores em realizar a renovação, prejudican­do aqueles que dependem do veículo automotor como meio de locomoção para trabalhar”, reclamou a advogada Camila Garcia, 28.

Durante o Encontro Nacional dos Detrans, encerrado ontem, o comentário dos diretores dos departamen­tos estaduais de trânsito foi de reprovação, segundo revelou ao CORREIO o diretor de habilitaçã­o do Detran-BA, Mário Galrão. Ele acredita que pode haver mobilizaçã­o por parte dos órgãos.

“O que os Detrans leem é que o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e o Denatran (Departamen­to Nacional de Trânsito) não consultara­m quem trabalha na ponta”, disse, explicando que os gestores foram pegos de surpresa com a mudança.

“Particular­mente acho que eles (os órgãos normativos) estão equiparand­o o bom condutor ao mau condutor. A

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