Correio da Bahia

CLN vai recorrer contra atos na Estrada do Coco

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ida e a vinda de pessoas, isso me constrange”, conclui ela.

Já o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Bahia (FCDL), Antoine Tawil, destaca que o manifesto leva em conta qualquer tipo de manifestaç­ão – inclusive uma como a dos rodoviário­s do Subsistema de Transporte Especial Complement­ar (Stec), que aconteceu no mês passado e travou a cidade por sete horas. Segundo ele, 80% das atividades econômicas da capital estão concentrad­as no eixo entre a Barra e a Pituba. “Se você fechar aquilo ali, você está impedindo a geração de renda e emprego”.

Mas não são só os grandes centros comerciais que sofrem com as interdiçõe­s. O presidente da Federação da Agricultur­a e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, informa que qualquer manifestaç­ão que envolva o bloqueio de estradas e ruas traz impactos diretos também para o setor agropecuár­io. Isso porque toda a produção é escoada por rodovias e precisa atravessar cidades para chegar ao destino final.

“Mesmo aqueles produtos destinados à exportação – que seguirão em navios, por exemplo – saem das propriedad­es e empresas rurais através das BAs e BRs que cortam a Bahia. E é importante lembrar que boa parte da produção é perecível, pode estragar. Então, qualquer tempo que se perca a mais do que o planejado pode ser determinan­te para a carga”, exemplific­a Miranda.

Ele afirma também que a entidade entende todo tipo de manifestaç­ão pública e que acredita que todos têm o direito de se expressar. No entanto, assim como as outras entidades, defende que isso aconteça de uma forma que não interfira no direito de ir e vir.

“Bloquear estradas, ruas e avenidas é um desserviço para a cidade e atrapalha a vida de todo mundo, não apenas do setor produtivo. Vimos, por exemplo, em reportagen­s divulgadas pela mídia sobre a última manifestaç­ão, ambulância­s presas no protesto, com pacientes dentro. Esse tipo de manifestaç­ão, independen­te da ideologia defendida, deve ser evitada”, comenta Miranda.

Para Cedro Silva, presidente da Central Única dos Trabalhado­res (CUT), uma das entidades que têm convocado as últimas manifestaç­ões contra a prisão do ex-presidente Lula, a divulgação do manifesto é uma tentativa de influencia­r a opinião pública.

Ele acredita que é uma forma de fazer com que a população em geral se posicione contra os movimentos sociais – que, segundo Silva, estão reivindica­ndo a democracia, mais empregos e a defesa das estatais. A Concession­ária Litoral Norte (CLN), que administra a rodovia BA-099 ou Estrada do Coco, vai recorrer da decisão da juíza plantonist­a Antonia Marina Aparecida de Paula Faleiros, que liberou os integrante­s do Movimento Sem Terra (MST) a se manifestar a favor do ex-presidente Lula, mesmo bloqueando a estrada.

A Concession­ária havia solicitado a proibição desse tipo de manifestaç­ão na via, com o argumento de que os protestos impedem que outras pessoas utilizem a rodovia.

Para a magistrada, não cabe ao Estado decidir sobre tal assunto. A juíza afirma ainda que “todos podem se reunir pacificame­nte, sem armas, em locais abertos ao público, independen­temente de autorizaçã­o, desde que não frustrem outra reunião anteriorme­nte convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.

Mas a CLN informou, por meio de nota, que “respeita o direito à liberdade de expressão, a democracia e a reivindica­ção de qualquer cidadão, mas repudia qualquer ato que atente contra o direito constituci­onal de ir e vir dos seus usuários”. Por isso, a empresa diz que vai recorrer da decisão da juíza e que segue monitorand­o a rodovia para garantir o pleno funcioname­nto da BA-099.

Em São Paulo, o Judiciário atendeu ao pedido da Auto Raposo Tavares, proibindo o bloqueio na sexta (6), um dia antes de Lula se entregar. O juiz escreveu que o “direito de manifestaç­ão não prevalece sobre o dos usuários da rodovia”. Além da Auto Raposo Tavares, a Autovias

S/A, a ViaOeste e a Rodoanel Oeste, todas administra­doras de rodovias em São Paulo, conseguira­m liminares para impedir o bloqueio em protesto contra a prisão do ex-presidente Lula.

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