Joesley Batista afirma ter repassado R$ 110 milhões a Aécio Neves
Em depoimento à Polícia Federal, anteontem, Joesley Batista, dono da JBF, afirmou ter repassado R$ 110 milhões a Aécio Neves nas eleições de 2014, quando o mineiro foi candidato à Presidência da República.
Joesley ainda disse que entre 2015 e 2017, teria pago uma ‘mesada’ mensal de R$ 50 mil ao senador, a pedido do próprio senador, que teria alegado necessidade para ‘despesas pessoais’.
O dinheiro para a campanha de Aécio, candidato considerado pelo empresário, na época, como estando em ascensão, seria uma troca por apoios futuros do mineiro aos negócios da J&F.
Segundo reportagem de O Globo, Joesley entregou à PF uma planilha onde constavam as doações, notas fiscais e recibos com detalhes dos repasses a Aécio Neves. Ainda de acordo com o empresário, os R$ 110 milhões foram rateados entre o PSDB (R$ 64 milhões), o PTB (R$ 20 milhões), e o Solidariedade (R$ 15 milhões). Outros R$ 11 milhões teriam ido para as campanhas de políticos que apoiavam o tucano.
Ainda segundo Joesley Batista, após o pagamento dos R$ 110 milhões, Aécio o teria procurado para receber mais R$ 18 milhões para cobrir despesas de campanha. Esse dinheiro teria sido repassado através da compra de um prédio em Belo Horizonte (MG).
Na terça-feira (17), o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Aécio Neves réu pelos crimes de corrupção passiva e obstrução à Justiça. Com a decisão, os ministros confirmaram que os indícios apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) seriam suficientes para que o senador seja julgado pelos crimes.
Aécio foi acusado pela PGR de receber ilicitamente R$ 2 milhões de Joesley Batista, oriundos do grupo J&F, e de atrapalhar as investigações da Lava Jato.
A defesa de Aécio Neves considerou o depoimento de Joesley Batista uma “demonstração de má-fé” e uma tentativa do empresário de manter seu acordo de delação premiada, que estaria em risco de ser anulado.
Sobre a mesada de R$ 51 mil, a defesa diz que “o senador jamais fez pedido nesse sentido ao delator e, em sua vida pública, não consta ato em favor do grupo empresarial”.