Correio da Bahia

Bolsa de valores vive um dia de intensa volatilida­de

-

O pregão da Bolsa brasileira teve hoje momentos ainda mais tensos e de maior volatilida­de que os vistos nos dias da greve dos caminhonei­ros, levando em conta as incertezas dos cenários eleitoral, econômico e fiscal. Com um movimento expressivo de saída de recursos do mercado, o Índice Bovespa terminou o dia em queda de 2,98%, aos 73.851,46 pontos. No auge do nervosismo, o índice chegou a tombar 6,51%, oscilando no patamar dos 71 mil pontos. O volume de negócios somou R$ 20 bilhões, bem acima da média dos últimos dias, e foi outra evidência do movimento de fuga do risco.

Apesar da ausência de notícia específica que justificas­se mais uma rodada de estresse no mercado, a alta do dólar alimentou o clima de especulaçã­o. Os impactos do dólar mais alto – a cotação ultrapasso­u os R$ 3,92 ontem, frente à média de R$ 3,63 de maio – sobre os preços devem começar a ser sentidos ao longo do mês, apontam os economista­s. No caso da gasolina, o impacto é imediato. Em junho, a inflação oficial medida pelo IPCA pode chegar a 1% em relação ao mês anterior, nas contas do Ibre/FGV. Se esse resultado se confirmar, será a maior variação desde janeiro de 2016. Os itens mais impactados, além da gasolina, são os alimentos derivados de trigo, soja e milho, aves, suínos e eletroelet­rônicos.

“No caso dos alimentos, os repasses são graduais, por conta dos estoques. Os preços dos eletroelet­rônicos são os que mais demoram a ser afetados porque os estoques são ainda maiores e a demanda segue contida, represando reajustes”, explica André Braz, economista­s do Ibre-FGV.

O resultado da inflação de maio, que será divulgado pela IBGE hoje, deve ser mais impactado pela greve dos caminhonei­ros, iniciada no dia 25 e que durou cerca de dez dias. Mas nada que tenha alterado significat­ivamente as previsões, que estão em 0,29% na comparação mensal e em 2,74% para o acumulado em 12 meses, frente aos 2,76% registrado­s em março. As projeções são baseadas na mediana de 33 analistas ouvidos pela Bloomberg. Em março, a inflação ficou em 0,22%, na margem.

“O que preocupa mais do que o dólar são os efeitos prolongado­s sobre os preços daqui para frente, por conta do preço do frete. Já trabalhamo­s com um dólar que deve chegar aos R$ 4 este ano e, como isso não pode ser considerad­o uma explosão, e temos reservas e um saldo comercial grande, não teremos tanto impacto”, analisa André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora.

Em junho, a pressão no custo de vida virá sobretudo nos preços administra­dos: além da gasolina, a bandeira vermelha, patamar 2, em vigor desde o dia 1° deve elevar as contas de luz.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil